Fiquei me perguntando por que um filme como esse estava tão mal avaliado por alguns espectadores.
Ao ler as críticas entendi.
O filme começa com um tom de comédia que, aliado ao tema do enredo, dá sinais de um filme de humor. E, de fato, o humor se faz mais presente no início. Contudo, ao decorrer da história, vão surgindo críticas sociais, feitas através de metáforas, dentre outros artifícios, que podem não ser compreendidos por muitos. Daí essa frustração - daqueles que esperam um filme de humor pra passar o tempo e se deparam com um filme fortemente reflexivo.
Para os espectadores mais sensíveis, a obra é surpreendente, ironicamente, pelo mesmo fato que gera desapontamento em outrem: a transição do humor para a tragédia. Contudo, sinto essa transição bem feita, fazendo o espectador embarcar na viagem vivenciada pelo protagonista. Aliás, o filme conta com uma bela atuação de Matt Damon.
É impressionante como a obra vai conectando detalhes em seu roteiro. Por exemplo, quando há o reencontro dos colegas de escola: o protagonista reflete sobre seu desejo interrompido de ser médico. Lá na frente, ele vai desempenhar, justamente, essa função para pessoas que necessitam de sua ajuda, mesmo não sendo médico, exatamente (ele é fisioterapeuta). Esses detalhes mostram a riqueza dessa obra que, como disse, nem todos terão capacidade de compreender.
De modo geral, o filme tem boas atuações, boa direção, bom roteiro, boa fotografia... Enfim, um filme surpreendente, feito pra incomodar e trazer muitas reflexões sobre a sociedade tão desigual na qual vivemos.