Olá, amigos! Vamos para mais uma crítica amadora. Hoje vou discorrer um pouco sobre o filme "Um Homem Chamado Ove", de Hannes Holm, um filme simples, com um inicio até entediante, mas com certeza, surpreendente. Confesso a vocês que nos primeiros instantes do filme até queria desistir de assistir, afinal, um filme que fala sobre a rotina de um velhinho de idade avançada, amargo, e que acha todos ao seu redor "idiota", não é o meu ideal de "filme perfeito" para ser assistido em um domingo. Mas acreditem, não posso dizer que foi tempo perdido, ou totalmente desperdiçado. Na verdade, é uma história realmente simples, mas encantadora. Ove (Rolf Lassgård) é um senhor idoso, muito ranzinza e sistemático (como a maioria dos idosos são). Mas Ove é, com certeza, o vizinho que ninguém quer ter. Além de antipático e muitas vezes grosseiro, ele é o "fiscal" do condomínio onde reside, anotando todos os atos que julga antiquado para o convívio social (apesar de que, de sociável ele não tem nada). Tem uma rotina diária. Levanta cedo, faz sua ronda no condomínio, briga com todos a seu redor, e vai ao cemitério visitar sua esposa, e grande amor, a linda, inteligente e encantadora Sonja (Ida Engvoll), falecida. Após ser demitido do seu trabalho de uma vida inteira, Ove resolve cometer suicídio, todavia, com a chegada de novos vizinhos, morrer se tornou uma tarefa um tanto difícil. De início, o filme me fez pensar sobre como a dureza da vida pode amargar nosso coração, e, de fato, cheguei a pensar: " com certeza não quero envelhecer desta forma". Mas, muito verdade é que a forma como envelheceremos é escolhida dia pós dia, enquanto vivemos. As muitas atribulações da vida, nos faz enxerga-la com mais dureza, assim, acabamos por carregar isso conosco ( e levar para nossa melhor idade). Quem nunca se pegou pensando: "isso não é problema meu". Pensamentos assim, são resultados da amargura que carregamos de uma vida dura que não soubemos como lidar, e isso é muito triste. O filme me fez recordar de um belíssimo poema do meu escritor predileto, o saudoso Vinicius de Morais, em que diz:
"Assim será a nossa vida
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos"
(Poema de Natal)
Quanto ao filme, confesso que não achei extraordinário. Como disse, uma história bastante simples, sem grandes inovações. Mas me surpreendi ao perceber que mais se tratava de uma história de amor, que uma história sobre como envelhecer e se tornar um velho ranzinza. Sim, é uma história de amor! E uma história de como a dor de um amor perdido pode nos deixar amargurados. É um bom filme, apesar dos pesares. No final vocês se verão encantados por aquele velhinho chato, grosseiro e ranzinza, e compreenderão as razões que o levaram a se transformar em uma pessoa tão amarga e sistemática ( se é que existe uma explicação para que é sistemático, parece coisa de alma). O mais relevante que o filme nos deixa, é a importância de tratar com amor todos ao nosso redor, principalmente aqueles que aparentam não precisar de amor algum, cada um carrega um mundo dentro de si, e muitas vezes esse mundo pode estar em guerra. Afinal, como diria Vinícius: "Para isso fomos feitos", para o amor.