Sabe quando a dose é exagerada e estraga o produto, isso vale para qualquer coisa e o filme não é exceção. O diretor, cultuado por seu psicodelismo, perdeu o rumo filmando esse roteiro ou, na melhor das hipóteses, espera que quem vá assistir tome umas antes para valer. O exagero fica por conta de uma visão esquizofrênica da indústria da moda na qual as modelos, femininas lógico, além de fúteis por excelência são loucas de jogar pedra, o que não é verdade em uma indústria que gera muita riqueza e é reconhecida pela exigência em profissionalismo. A maior descambada morro abaixo do roteiro acontece com a cena grotesca e indigesta de necrofilia entre uma maquiadora e uma modelo mortinha da silva. Embora a fotografia do filme, talvez a única exceção de controle, busque certo esmero a repetição e colorido exacerbado misturado à maquiagem igualmente exagerada das modelos magérrimas, em pele e osso, não consegue, nem de longe, salvar o espetáculo. Ainda restaria uma última perguntinha inofensiva: o que Keanu Reeves, o Neo do consagrado Matrix (Lilly e Lana Wachowski, 1999), está fazendo ali, incorporando um personagem, no mínimo, supérfluo. Direção de estagiário em viagem alucinógena.