"Meu Nome é Ray" é uma tradução bastante feliz para o título do filme dirigido e co-escrito por Gaby Dellal. Ele representa bem a essência e a força por trás de quem Ray (Elle Fanning) é. Aos 16 anos, ela toma a decisão de começar um tratamento de transição hormonal. E, apesar disso, a temática principal do filme não é sobre o processo pelo qual Ray irá passar, e sim sobre como a família dela reage a essa decisão.
Acontece que Ray foi criada, como ela mesma diz na narração que abre o filme, num ambiente que seus amigos morriam de inveja. Ela teve ao seu redor, como referências, a mãe solteira (Naomi Watts) e a sua avó (Susan Sarandon), que, por sua vez, vive um relacionamento afetivo com Frances (Linda Emond). Apesar de, no papel, esta ser uma família totalmente mente aberta, a verdade é que todas elas terão o seu grau de dificuldade de compreender o por quê de Ray querer fazer a transição. A jornada de aceitação e de entendimento destas mulheres nos é passada através da busca de Maggie, a mãe, pelo pai de Ray - afinal, a autorização para que a filha passe pela transição precisa ser assinada por ambos, já que Ray é menor de idade.
"Meu Nome é Ray" é um filme que tem uma mensagem muito interessante de auto afirmação e da descoberta de uma força que todas as personagens não sabiam que tinham. Se é nas grandes dificuldades que encontramos a verdadeira motivação para seguirmos em frente, é justamente ao vivenciarem este período tão delicado que Maggie, Dolly e Frances irão entrar em contato, cada uma a seu tempo, com a harmonia e a compreensão necessárias para aceitarem os desejos de Ray, em sua impetuosa - porém, corajosa - tomada de decisão.