“Manchester a beira mar” é a prova viva que com simplicidade podemos fazer grandes obras cinematográficas, e é simplesmente essa beleza cotidiana que nos encanta, temos todos os elementos para ter um filme super dramático que vai fazer o publico chorar mas não, o filme até passa tristeza, mas também passa alegria, raiva, medo, angustia e um misto entre pessimismo e otimismo, pois “Manchester a beira mar” é um retrato da vida. Com um roteiro contando de forma linear com diversos flashbacks que vão dar contexto e conotações para acontecimentos no presente, mas tudo muito sutil, não temos flashbacks demais ou de menos, seu roteiro é extremamente preciso ao contar a historia de Lee Chandler (Casey Affleck), que é obrigado a voltar a Manchester para cuidar de seu sobrinho após a morte de seu irmão, e durante sua estadia começa a lembrar do seu triste passado na cidade enquanto enfrenta questionamentos no presente. É lindo ver como o filme relata tão bem o ser humano, este ser que é completamente falho, Lee é falho, vive arrependido e com remorsos de suas falhas, vive em duvidas e angustia sobre o presente e futuro, enquanto seu sobrinho vive as descobertas da adolescência enquanto se debate com a perca do pai e a falência emocional da mãe, “Manchester a beira mar” e seus personagens retratam a vida como ela é, e para deixar esses aspectos bem claros, o diretor Kenneth Lonergan entope o filme de cenas improvisadas e pequenos detalhes do cotidiano, como uma porta que trava ou um dialogo em que os dois não se entendem, até o dialogo dos filmes cheio de falhas, com palavras ditas erradas ou entediadas erradas, como eu disse, é um retrato da vida. A fotografia da película é muito boa, com uma paleta lotada de tons de azuis, e sempre muito clara, o aspecto do filme em geral é muito agradável, sua câmera simples e muitas vezes manuseada na mão da o tom da cena e sua ótima trilha sonora que vai deste Rock And Roll até lindas cenas com musicas incidentais é completamente maravilhosa e me surpreende não ter levado uma indicação ao óscar nesse quesito. Todas as atuações do filme são ótimas ou muito boas, não temos nenhuma atuação meia boca, vale um grande destaque a Casey Affleck que tem uma atuação maravilhosa, seu personagem reflete toda nossa angustia e desespero, mas ele é tão clamo e frio que ao mesmo tempo também transmite a nossa indiferença a vida, Casey atua como nós, ele não quer passar pelo que está passando, mas enfrenta como pode, sempre com uma cara deprimente um olhar sem animo, Casey felizmente recebeu uma indicação ao óscar, e também devemos dar os parabéns a Kenneth Lonergan, ótimo roteirista que agora se consagra de vez como diretor. “Manchester a beira mar” encanta, prende o telespectador e faz ele passar por todos os sentimentos possíveis, e a frase “A arte é a janela pra vida” nunca fez tanto sentido.