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    As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras

    Referências

    por Francisco Russo

    Não adianta mais reclamar do visual parrudo e agressivo das tartarugas ninja! O filme anterior fez sucesso e isto automaticamente garantiu a permanência do visual atual dos personagens, por mais que ele agrida os olhos (e o gosto) de quem curtiu as aventuras em desenho animado lançadas nos anos 1980. Por outro lado, quem viveu aquela época tem uma certa motivação para apreciar esta nova aventura do quarteto. Afinal de contas, várias são as referências e homenagens feitas às versões anteriores das tartarugas, não apenas na TV mas também no cinema.

    Por exemplo, quando Casey Jones entra no bar à procura de Bebop e Rocksteady - dois vilões clássicos que enfim dão as caras nesta nova versão -, a música que toca na jukebox é "Ice Ice Baby", de Vanilla Ice, que fez muito sucesso em As Tartarugas Ninja II - O Segredo do Ooze. O próprio ooze também dá as caras, nomeado de gosma na legenda, recuperando parte da trama que mostra o poderoso líquido como responsável pela transformação de pessoas - ou animais - em seres poderosos. Isso sem falar de Casey Jones e o vilão Krang, resgatados dos quadrinhos, ou ainda do criador do personagens Kevin Eastman, que faz uma pequenina ponta como o entregador de pizza, logo no início do filme.

    Cada um destes elementos tem por objetivo ativar o lado nostálgico do espectador, ao menos aquele que hoje tem em torno de 35 anos - e funciona, de certa forma. Só que As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras possui também um lado infantil muito forte, especialmente através das bobagens ditas e feitas por Bebop e Rocksteady (há até piada escatológica!). Esta instabilidade é um problema sério, demonstando também a insegurança em relação a qual público atingir: os mais velhos se incomodam com as piadas bobinhas, os mais novos sequer conseguem captar as referências inseridas. No fim das contas, ambos os alvos ficam incomodados.

    Apesar disto, Fora das Sombras acerta na forma como apresenta seus novos personagens, especialmente Casey Jones (Stephen Amell, cumprindo o que se espera neste papel) e a já citada dupla Bebop e Rocksteady. O trio ganha bastante espaço no roteiro, deixando de lado Megan Fox, quase onipresente no filme original, e até mesmo os próprios heróis da aventura. Este é outro problema, que acontecia também no filme original: há pouco espaço para a dinâmica habitual do quarteto. Não confunda com cenas de ação, estas há aos montes, digo em relação a momentos em que a aventura se mescle à diversão no espírito existente nos desenhos animados. Isto, o filme não entrega.

    Há também nos heróis uma seriedade um tanto quanto desconexa, que repercute não apenas na possibilidade (ou não) de trabalhar em equipe mas na própria aceitação de ser o que é. Supostamente profundo, e longe do espírito que os fãs dos personagens apreciaram ao longo de décadas. Isto em um roteiro extremamente simplório e repleto de facilitadores para que não seja necessário se aprofundar em explicações.

    Diante de tantas contradições, As Tartarugas Ninja - Fora das Sombras não consegue dizer a que veio. Se entrega um maior apuro nos efeitos especiais, visível especialmente na sequência situada nas cataratas do Iguaçu e também na vertiginosa cena em que o quarteto desce o edifício Chrysler - onde o uso do 3D amplifica a sensação de queda livre -, traz uma história tão boba e inconstante que não consegue capturar o espectador, seja ele novato ou veterano. Por mais que os novos personagens sejam interessantes e até prendam a atenção na metade inicial, o roteiro cada vez mais largado e as cenas de ação beirando o nonsense tornam tudo cada vez menos interessante. Não chega a ser propriamente ruim muito por causa das citadas referências, mas é bem decepcionante para personagens que se notabilizaram pelo bom humor e pela diversão.

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