O filme “ O cerco de Jadotville”, produzido pela Netflix, dirigido por Richie Smyth, teve grande êxito em retratar a realidade de soldados enviados pela ONU para República do Congo. O filme foi lançado em 2016 no site da produtora, não é um filme muito famoso. Foi feito em homenagem aos soldados Irlandeses que na época do ocorrido se renderam por falta de assistência da ONU, e foram vistos como covardes. Apenas em 2003 foram reconhecidos como heróis de guerra.
A República do Congo estava em meio a uma crise social, havia uma disputa entre mineradoras pelo fértil solo de Katanga. Tal disputa extrapola economia local, Moise Tshombe assume o país sob uma ditadura, fechando as fronteiras e sem abertura ao diálogo. Entretanto a ONU, em 1961, tenta buscar a paz no confronto, o que gera a morte do Secretário Geral da ONU. A organização coloca no comando Conor Cruise O'Brien, ele e as Nações unidas enviaram um exército Irlandês de 150 pessoas. O exército vai sob o comando de Patrick Quinlan, esse lidera um exército virgem de guerra, tanto quanto ele. Eles resistem bravamente contra um exército enorme de mercenários e combatentes locais, porém após longas batalhas por não conseguirem reforços nem munição são obrigados a se render. Após diversos confrontos no cerco de Jadotville e mortes de mercenários e combatentes locais, o exército da Irlanda volta para casa sem nenhuma baixa, vistos como covardes e alguns como traidores de guerra.
Tudo isso pelas péssimas decisões da ONU, que estava com gestores sem o mínimo de preocupação com o estado em que o Congo se encontrava, olhando apenas para si mesmos, para a própria imagem e conversas diplomáticas, em meio a uma guerra civil, esquecendo das vidas que estavam em risco. Além disso, o mundo se encontrava em uma bipolarização, que era consequência da Guerra Fria, e a África estava sendo “disputada” por sua grande riqueza mineral. Com a ditadura de Tshombe, a influência internacional também foi removida, junto com o fechamento das fronteiras, como já dito antes.
O filme é realmente fiel aos fatos, a partir de estudos da Guerra civil do Congo, e dos ocorridos com os soldados irlandeses, percebemos que o filme consegue passar muito bem os fatos históricos. No início, eu acreditava que o filme iria romantizar a guerra como a maioria dos filmes fazem, mas muito pelo contrário ele passa uma imagem muito coerente com a guerra, e com os acontecimentos. Apesar de ser bem realista a violência da guerra não é passada tão fortemente para os telespectadores, talvez porque nenhum soldado irlandês morreu de fato na guerra, e mostra muito mais o lado desses soldados, pois é uma homenagem a eles.
- Luiza Scheffer Oliveira