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    Amor, Drogas e Nova York
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Amor, Drogas e Nova York

    Melhor (re)ver Réquiem para um Sonho

    por Renato Hermsdorff

    Heaven Knows What (no original; algo como “Só Deus Sabe”, em tradução livre) conta uma história; a trilha sonora aponta para outra; enquanto o título em português (Amor, Drogas e Nova York) sugere uma terceira via – ambas completamente diferentes do resultado final.

    Para entender melhor, é preciso voltar no tempo. Os irmãos Joshua e Ben Safdie (Yeast), conheceram Arielle Holmes, uma moradora de rua de Nova York viciada em heroína, por acaso. E a encorajaram a escrever um livro sobre a própria vida. O resultado é “Mad Love in New York City”, obra que deu origem ao filme, estrelado pela própria Arielle agora.

    Na adaptação, ela é Harley. Apaixonada por Ilya (Caleb Landry Jones), com quem tem uma relação "amorosa", a personagem é maltratada por ele, e acaba estreitando laços com o traficante Mike (Buddy Duress), que a protege. E a moça passa o filme inteiro se drogando – ou arrumando dinheiro para comprar o veneno.

    O amor não é figura central, uma vez que ela corre para onde está a droga (ou seja, não há nada de "romântico", como a tradução do título possa sugerir); Nova York tampouco tem tamanha importância, já que os planos são fechados, quase não vê a cidade, e, convenhamos, a trama poderia se passar em qualquer lugar do globo (um possível apelo “turístico” falso, portanto). De modo que só as “drogas” da trinca fazem sentido para definir Heaven Knows What.

    A trilha é composta por um som eletrônico oitentista/ futurista que destoa do clima e tempo em que se passa o filme. A impressão que deixa é a de que, a qualquer momento, um ciborgue voltará de um cenário pós-apocalíptico dominado por máquinas em 2029 para assassinar a futura mãe de um líder revolucionário em 1984.

    O grande mérito da obra é acompanhar com naturalismo e verossimilhança – ainda que não de forma chocante – o submundo das drogas em uma grande metrópole. E o melhor: sem fazer nenhum juízo de valor do consumo ou dos personagens. Não há julgamento ou caretice na abordagem.

    Mas a falta de um arco dramático para a protagonista – que, basicamente, só tem a droga como motivação – não engaja (para usar uma palavra da moda) o espectador. Mesmo para o ser humano mais junkie da cidade, é difícil encontrar algum tipo de empatia pela protagonista.

    Se é o submundo das drogas que você procura, melhor (re)ver Réquiem para um Sonho.

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