Em busca de sonhos
por Lucas SalgadoO cinema romeno tem marcado presença forte nos festivais cinematográficos nos últimos dez anos. Curiosamente, esta trajetória, de certa forma, foi iniciada com A Leste de Bucareste, de Corneliu Porumboiu. No ano seguinte, 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (2007) levou a Palma de Ouro de Cannes. Agora, O Tesouro chega aos cinemas brasileiros oferecendo uma visão mais lúdica, embora sem deixar de lado o realismo característico da cinematografia local.
Dirigido pelo supracitado Corneliu Porumboiu, o longa conta a história de um pai de família trabalhador. Ele vive uma vida sem luxos, mas tranquila ao lado da esposa e do filho. Um dia, recebe a visita de um vizinho que precisa de dinheiro emprestado. Após ouvir um não, o vizinho explica que precisa de determinado valor para alugar um detector de metais para procurar por um tesouro que teria sido enterrado por seu avô em um tradicional terreno da família.
Os dois acabam unindo forças. O pai trabalhador procura conseguir o dinheiro necessário e negocia com a empresa que aluga os equipamentos. O vizinho lhe promete parte do tesouro.
Diante de uma realidade econômica difícil e de personagens com uma vida simples, é interessante como o filme insere em um universo adulto uma noção quase que infantil, de procura ao tesouro. Neste sentido, é curiosa a relação do protagonista com seu filho. Ele lê uma história pesada para o garoto ao mesmo tempo que, em sua vida pessoal, investe em uma trama de sonhos.
É fantasioso tematicamente, mas nunca bobo, nunca desinteressante. Toma Cuzin, Radu Banzaru, Florin Kevorkian e Laurentiu Lazar entregam atuações sóbrias, mas bem desenvolvidas. Merece destaque ainda o roteiro de Corneliu Porumboiu, que é frio ao mesmo tempo que constrói esperança.
Repleto de bons momentos, o filme ainda conta com um destaque que surge durante os créditos finais, que é o uso da canção "Live Is Life", na versão da banda Laibach.