Operação infeliz
por Lucas SalgadoDizem os rumores que Nicolas Cage recusou o papel de protagonista de Mente Criminosa, que acabou com Kevin Costner. Quando o cara que disse "sim" para Motoqueiro Fantasma, A Lenda do Tesouro Perdido, Caça às Bruxas, O Apocalipse e muitos outros projetos questionáveis, diz "não" para você, alguma coisa deve ser repensada.
E quem diria? Nicolas Cage tomou uma decisão acertada. Criminal (no original) é uma produção repleta de equívocos que oferece um dos roteiros mais infelizes dos últimos tempos. A premissa é a seguinte: agente da CIA é assassinado em meio a uma importante investigação. Para não deixar o caso morrer, a agência conta com ajuda de um médico/pesquisador para transferir as memórias e sentimentos do agente para um presidiário. Enquanto tenta entender o que se passa em sua cabeça, o criminoso acaba atraindo a atenção não apenas da CIA, mas também do grupo que assassinou o agente.
Ryan Reynolds vive o agente, enquanto que Kevin Costner interpreta o preso que acaba recebendo seus sentimentos. O time conta ainda com Gary Oldman, Tommy Lee Jones, Gal Gadot, Michael Pitt e Alice Eve. Sem dúvida, um grande elenco. Mas todos incapazes de salvar o texto escrito por Douglas Cook e David Weisberg.
O personagem de Costner é um psicopata que não possui sentimentos e que começa a desenvolver os mesmos após receber as memórias do protagonista, passando até a se interessar para esposa (Gadot) e filha do falecido, rendendo inúmeros momentos constrangedores. Mas o que realmente incomoda é o fato de escolherem um sujeito tão instável para passar pela operação. O próprio personagem de Oldman questiona o médico (Lee Jones), que não apresenta qualquer resposta, afinal não faz sentido mesmo.
Tudo é muito bizarro e ao mesmo tempo previsível. São vários e vários clichês e mais algumas sequências realmente constrangedoras. A cena final, por sinal, é inacreditável. É difícil aceitar que tenha passado por qualquer revisão de roteiro.
A ideia de apresentar um protagonista sem empatia beira o absurdo, uma vez que o resultado disso é obvio: o público não se apega ao mesmo ou demonstra qualquer interesse. Recebe as cenas e informações de forma pouco envolvente ou apaixonada e não se interessa pelo que vem pela frente, algo fatal para um filme.