Acho que todos já viram filmes de assalto à banco: Há uma gangue com um plano ousado, túneis subterrâneos, um negociador e muita muita tensão. Cem anos de perdão tem tudo isso e um elemento à mais, a Sorte (ou no caso, o azar).
O plano dos ladrões dá errado devido ao mau tempo; um acordo feito com a gerente do banco sai do controle; eles acabam perdendo a marcadoria do roubo, um HD. Tudo dá errado e os "heróis" tem que improvisar. Digo heróis pois embora eles sejam maus os seus opositores, a polícia corrupta e o governo conseguem ser ainda piores. Esse é o principal acerto e diferencial do filme, uma profundidade política realista numa subtrama que poderia muito bem ser parte de uma investigação da Lava-jato.
O enredo é montado de forma difusa, é preciso prestar muita atenção, pois muitos detalhes são expostas em diálogos rápidos. Mas basicamente é um jogo de ladrões, onde um lado tenta passar a perna no outro constantemente. E pra isso vale blefar, subornar, coagir e dissimular.
De la Serna está ótimo como protagonista Uruguayo, um personagem que sustenta toda a trama com sua presença. A câmera propositalmente brinca com as grades dos cofres como se fossem barras de uma cela, lembrando o espectador que os "heróis" ainda são, acima de tudo, criminosos. Várias críticas ao capitalismo e até mesmo às táticas da polícia são feitas de forma ríspida.
O ponto fraco do filme é sua falta de apuro técnico e ousadia em certos temas. A trilha sonora podia ser melhor explorada, as escolhas de elenco são, de certa forma, caricatas. O desfecho do filme é razoável, mas podia ter mais força. Apelando pra cenas em câmera lenta e meios sorrisos triunfantes pra dar o ar de "Gran Finale", mas falhando grosseiramente.
O filme é bom, uma nota 7,5 seria justa.