O QUARTO DE JACK (Room
O longa é dirigido pelo Irlandês Leonard Abrahamson, escrito por Emma Donoghue e baseado em seu próprio livro que leva o mesmo nome do filme (no original).
O QUARTO DE JACK integrou a lista dos indicados ao Oscar (2016) em quatro categorias: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor, Melhor Atriz e, também foi um dos oitos indicados na principal categoria da noite, Melhor Filme. Levando apenas uma estatueta, que foi a de Melhor Atriz para a talentosíssima Brie Larson.
Vítima de um caso de sequestro aos 17 anos, Ma/Joy (Brie Larson) é mantida em cativeiro em um minúsculo quarto durante 7 anos, onde ela sofre abusos sexuais e dá à luz ao pequenino Jack (Jacob Tremblay). Ao completar 5 anos, ela planeja uma fuga, ou pelo menos uma forma do pequeno Jack conhecer o mundo lá fora.
Umas das partes que mais me chamou a atenção no filme, é o fato de toda história ser contada a partir da visão do pequenino Jack. Ele usa toda sua narrativa para nos envolver em sua história e nos mostrar o seu ponto de vista de cada descoberta.
A premissa é muito boa, o longa já começa de uma forma espetacular direto do quarto com Jack e sua mãe nos mostrando o seu dia a dia e a sua forma de encarar a vida. A primeira parte do filme é sem dúvidas a melhor, quando somos jogados em um ambiente totalmente claustrofóbico e somos obrigados a encarar a dura realidade de Jack e Ma. É sensacional como o roteiro nos prende e nos puxa para dentro do quarto. Ma é uma mãe que ama o seu filho e isso fica bem claro em toda as suas preocupações em readaptar o quarto para que Jack pudesse viver em um ambiente um pouco mais feliz (se é que é possível). Destaco a cena em que Ma tenta explicar para Jack a existência de um mundo lá fora (a partir do pequeno rato), ou, a cena do bolo de aniversário. São duas ótimas cenas!
A trilha sonora de pianos do compositor Stephen Rennicks é maravilhosa e está muito bem encaixada na trama, se destacando com perfeição nos momentos mais oportunos. A adaptação da obra de Emma Donoghue é muito boa e muito bem trabalhada (apesar de alguns pontos que falarei mais pra frente). O roteiro consegue nos emocionar nos momentos certos e nos espantar com momentos mais tensos e pesados - realmente é uma obra bastante interessante!
Apesar do roteiro se desenvolver a partir do ponto de vista de Jack (uma pequena criança de apenas 5 anos que não iria dar grandes importâncias para os mínimos detalhes investigativos). O longa tem alguns pontos que de certa forma me incomodou: Como o fato da polícia conseguir chegar até o quarto somente com as mínimas informações que a criança assustada passou. Como ocorreu o resgate da mãe e aonde estava o velho Nick no momento. O que de fato aconteceu com o velho Nick (na segunda parte do filme ele é totalmente esquecido). Qual era o verdadeiro motivo da repudia do vô para com o pequeno Jack (talvez pelos fatos ocorridos com a mãe). Pra mim o filme peca nessa parte, em deixar várias pontas soltas e sem explicações.
Jacob Tremblay é o grande destaque do filme, é realmente impressionante o talento desse pequeno ator! A facilidade que ele tem pra atuar em dramas é incrível (como no próprio Extraordinário), a maneira que ele consegue expor a sua dramaticidade é genial. Em "O Quarto de Jack" Jacob dá mais um show, nos emocionando verdadeiramente com cenas bastantes singelas. Destaque para a cena que Jack consegue sair do quarto pela primeira vez e entra em contato com o mundo, é de uma leveza e uma simplicidade magnífica. A despedida dos móveis do local que ele passou o início de sua vida é outra cena bastante comovente. Jacob Tremblay ainda é muito jovem e com certeza terá um futuro brilhante, porém, com esse trabalho genial que ele apresentou em "O Quarto de Jack", ele merecia uma indicação ao Oscar (assim como eu pedi uma indicação para Brooklynn Prince em seu espetacular trabalho apresentado em "Projeto Flórida").
Brie Larson brilha com sua magnitude como a mãe do pequeno Jack! Larson desenvolve um papel duro e bastante difícil, que lhe exige muito, e ela responde na altura com bastante competência. Larson faz uma mãe desesperada e ao mesmo tempo feliz por estar com seu filho, mesmo em um ambiente inóspito. Criamos uma grande empatia pela sua personagem e a química entre ela e Jack é muito doce e verdadeira. Na segunda parte do filme ela brilha ainda mais, quando lhe é exigida um outro tipo de atuação, quando ela é submetida a enfrentar outros tipos de problemas diferentes daqueles que ela passava no quarto. Belíssimo trabalho apresentado por Brie Larson, o que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, o Globo de Ouro de Melhor Atriz - Drama, o SAG Award de Melhor Atriz Principal, o BAFTA de Melhor Atriz, entre muitos outros prêmios.
Gostaria de fazer as menções honrosas para Joan Allen, que fez a vó de Jack com uma atuação grandiosa (às cenas entre ela e o Jack são formidáveis). E o próprio Sean Bridgers, que interpretou o velho Nick. Um personagem frio, calculista, intrigante, que despertou a minha curiosidade. Uma pena que ele foi esquecido pelo roteiro e eu não pude conferir todo o seu potencial.
O QUARTO DE JACK é um belo filme, com um roteiro muito interessante (que desperta a curiosidade sobre o livro) e um final emocionante. RECOMENDO! [21/04/2018]