Paciência
por Renato HermsdorffO Inventor de Jogos é uma produção argentina (em coprodução com Canadá e Itália) falada em inglês. Estrelada por David Mazouz (o jovem Bruce Wayne da série Gotham), a aventura infanto-juvenil dirigida por Juan Pablo Buscarini (O Ratinho Pérez) tem um visual caprichado, com figurinos rebuscados e uma fotografia de tons escuros que lembra o trabalho do cineasta Tim Burton.
Baseado no livro homônimo do escritor Pablo De Santis, o filme parte de uma história bem criativa. Contra o gosto do pai, o jovem Ivan Drago (Mazouz) passa a desenvolver uma certa obsessão por jogos de tabuleiro. Ele participa – e vence – um concurso com mais de 10 mil inscritos, cujo objetivo era criar um jogo original – competição que, inclusive, lembra a disputa por uma vaga para visitar A Fantástica Fábrica de Chocolate (Tim Burton de novo).
Até que o garoto descobre que seu talento vem de família. Seu avó era um exímio criador de jogos. Mas seu pai escondera do menino esse gene criativo por conta de um passado conturbado envolvendo um irmão postiço (do pai), o talentoso e rebelde Morodian (Joseph Fiennes), que já deu trabalho à família. Até que Ivan se vê envolvido, ele mesmo, em um verdadeiro jogo da vida. Da sua vida.
Acontece que, da descoberta da aptidão de Ivan até a (quase) concretização do plano maléfico por parte de Morodian, o filme parece interminável. E não é só pela duração da obra (de quase duas horas), mas pela falta de ritmo imposta por um roteiro rocambolesco.
A participação de Fiennes é um dos pontos altos. Ele encarna um vilão metódico, do tipo simpático até, que, em alguns momentos lembra o Willy Wonka de Johnny Depp. Tim Burton de novo?! No entanto, é com o bruxinho Harry Potter que Ivan tem o parentesco mais próximo.
Senão, vejamos: sem saber, o garoto “comum” faz parte de uma dinastia humilde e talentosa; a relação com os pais (a família) é um aspecto central; depois que eles (os pais) somem, é mandado para um internato ao estilo Hogwarts. E tudo isso embrulhado em uma roupagem onírica e cheia de simbologia. Mas haja paciência.