CINEMA HUMANISTA CONTRA A BARBÁRIE STALINISTA!
Se alguém , honestamente, ainda tem alguma dúvida sobre o que foi o regime soviético? Se, alguém ainda nutria alguma sombria simpatia pelo stalinismo. Se, alguém ainda tem dúvidas sobre porquê a arte e os artistas não podem ser vassalos, serviçais de governos, regimes políticos, partidos ou líderes messiânicos. Tudo isso, pode ser soberbamente dirimido com este brilhante filme, que revela passagens biográficas de um grande artista polonês, que ainda de quebra era professor de história da arte. Ao acompanhar essas páginas tortuosas do artista, é possível ainda constatar como os Estados burocráticos, autoritários, não se satisfazem na promoção da submissão dos cidadãos rebeldes. Eles necessitam de algo mais; que os inssurectos tenham sua dignidade quebrada, aviltada. E, quando não logram êxito, como é o caso, diante do artista e cidadão ético biografado, aí cometem toda sorte de atrocidades e sordidez.
Andrej Wajda, cineasta polonês, que já havia produzido tantas obras primas eivadas de humanidade, rebeladas contra as atrocidades da guerra, do autoritarismo soviético, da burocracia inescrupulosa e incompetente, legou à sua gente esse libelo artístico, o que vale dizer, livre como deve ser livre a arte, o pensamento e a expressão. E, o fez por intermédio da história de: Wladyslaw Strzeminski, artista polonês integrado às vanguardas europeias que sempre se insurgiram contra a violência, a censura e o terror de ESTADO e de um partido. Pagou preço alto pela rebeldia. De fato e de verdade é uma obra exemplar, realizada pouco antes de sua morte. Wajda deixou assim outra obra prima do cinema, não apenas polonês, mas da humanidade.