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    Capitão Fantástico
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Capitão Fantástico

    Na natureza selvagem

    por Lucas Salgado

    Ator do terceiro escalão de Hollywood, com participações como coadjuvante em filmes como A Outra FacePsicopata AmericanoO AviadorMatt Ross fez sua estreia como diretor em 2012, com 28 Hotel Rooms, que foi lançado sem alarde nos Estados Unidos e nem chegou aos cinemas brasileiros. Agora, em seu segundo longa, Ross consegue um destaque bem maior. E, mais importante, bem merecido.

    Exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes 2016, Capitão Fantástico é uma mistura de Pequena Miss Sunshine com Na Natureza Selvagem. O filme conta a história de dois pais que, preocupados com o rumo do mundo, decidem se isolar no meio do mato. Isolados da vida urbana, eles criam seis filhos, ensinando noções de liberdade e direitos civis, além de técnicas de sobrevivência na selva. Até as crianças mais novas aprendem a lidar com armas.

    A situação da família é abalada pela ausência recente da mãe, que está internada. A relação das crianças com o pai acaba um pouco abalada e uma tragédia acaba fazendo com que a família deixe a floresta por um período.

    O filme é divertidíssimo, mas também muito inteligente ao oferecer alguns momentos dramáticos de grande qualidade. Enquanto se mostram preparados para a sobrevivência e muito conhecedores de noções filosóficas e sociológicas, as crianças não possuem qualquer trato social.

    Captain Fantastic funciona como comédia, como drama e ainda oferece um momento musical encantador, ao som de "Sweet Child O' Mine". São vários filmes dentro de um só, com direito até a cenas de roadmovie. Apresenta uma família encantadora, que funciona principalmente por causa de elenca fabuloso liderado por Viggo Mortensen. Ele vive o capitão do título, o chefe da família, um cara de ideias fortes e que ama seus filhos. As crianças estão todas bem e o filme realmente consegue passar a ideia de que estamos diante de uma família.

    O veterano Frank Langella surge na pele do avô das crianças. Inicialmente, aparece quase como um vilão, mas aos poucos vai revelando mais camadas. Ele não aceita a opção de vida deles. E tem argumentos para isso.

    Ainda que tenha a alma de um filme independente, Capitão Fantástico apresenta um ótimo trabalho de design de produção, fotografia, montagem e, especialmente, trilha sonora.  

    Mas a grande força está mesmo, além das atuações, no roteiro, que consegue passar a ideia de que estamos diante de um grupo de pessoas libertários e não revoltados. Não há espaço para ódio. Há para amor. Amor entre os personagens. E amor entre o espectador e esta preciosidade.  

    Filme visto durante a cobertura do Festival do Rio, em outubro de 2016.

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