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    Francofonia - Louvre Sob Ocupação
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    Francofonia - Louvre Sob Ocupação

    Divagando sobre o Louvre

    por Francisco Russo

    Não é de hoje que o diretor Alexandr Sokurov demonstra uma profunda devoção aos museus. Seu filme mais conhecido, Arca Russa, nada mais é do que um plano único rodado dentro do Hermitage, localizado em São Petersburgo. Desta vez, Sokurov volta seu olhar para o ícone maior desta seara: o museu do Louvre - só que sem a mesma criatividade e qualidade.

    Em Francofonia, há vários olhares do diretor sobre o Louvre. Por um lado, explora imagens de arquivo para contar um pouco sobre como seu imenso acervo foi montado, ano após ano. Encenações estreladas por personagens históricos, Napoleão Bonaparte a frente, são criadas de forma não apenas a auxiliar tais explicações, mas também para demonstrar um pouco da personalidade dos citados. Os enquadramentos nos objetos em exposição, sempre contemplativos em relação à beleza exposta, são constantes. Assim como os passeios pelos imensos corredores do museu, por si só uma obra de arte.

    Só que Sokurov, mais do que simplesmente apresentar o Louvre, deseja também discutir a função da arte na sociedade. Em meio a divagações etéreas via rádio com o comandante de uma embarcação em meio a uma tempestade, filosofa sobre o quão desumano é atravessar o oceano com obras de arte a bordo. Tais pensamentos surgem aqui e ali, entremeados à apresentação do Louvre e também de sua importância histórica, sem um fio condutor explícito. Seu interesse maior é em exaltar o Louvre, da forma que for, mesmo que o resultado em cena soe como uma sequência de símbolos sem muita conexão entre si, além do próprio local retratado.

    Muito pela proposta adotada, Francofonia assume de imediato uma narrativa extremamente arrastada e cansativa. Ao invés de despertar questionamentos, as divagações provocam a função inversa de afastar o espectador, por sua característica hermética. As representações de época, envolvendo Napoleão e a salvação do museu quando esteve ameaçado, na época em que a França foi ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, transitam entre a paródia de um ícone histórico e a superficialidade em torno do ocorrido. O resultado é um filme confuso - não na proposta, mas em como executá-la -, que ganha ares de tortura a quem assiste, não apenas pelo didatismo do exibido mas especialmente pelo seu lado contemplativo e difuso.

    P.S.: Quem estiver interessado em conhecer melhor com foi a salvação do Louvre em plena Segunda Guerra Mundial, fica como sugestão o bom drama francês Diplomacia, com André Dussollier e Niels Arestrup.

    Filme visto no 17º Festival do Rio, em outubro de 2015.

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