CARENTES DAS GALÁXIAS
Os fãs da Marvel talvez gostem deste texto, quem sabe você também. Peter Quill, Gamora, Drax, Rocket, o carismático e lacônico Groot, Nebula, Mantis e Yondu, fazem parte de uma turma da pesada, Os Guardiões das Galáxias que, em minha opinião, obviamente, são dois dos melhores filmes da franquia: Vol. 1 e 2. Por que gosto destes dois filmes? Vou lhes dizer. Assisti nesta semana novamente os dois, junto com meu garoto, Calebe. São muito divertidos, a sequência inicial com o foco no Baby Groot no Vol.2 é show. Mas, o que realmente me faz ter uma grande simpatia por esta trupe de saqueadores, caçadores de recompensas e filhas de vilão cruel, é o que está sob a superfície, isso mesmo, por baixo da superfície destes filmes de heróis descolados, desbocados, arruaceiros, implacáveis, brigões e irreverentes, há um grupo de pessoas extremamente carentes, não sei se você viu o mesmo que eu, posso até estar exagerando. Porém, acredito que o cinema é uma linguagem fantástica, a cultura pop certamente, quer dizer alguma coisa, e é exatamente isto que vejo aqui, estes personagens tem toda uma capa de maldade, truculência, mas, no final das contas, todos sofrem algum drama, rejeição paterna (Quill), desprezo (Rocket), perda familiar (Drax), sequestro e abuso pelo pai adotivo (Gamora e Nebula), ostracismo (Yondu) e exploração (Mantis).
Há uma cena muito interessante no Vol. 2, uma discussão entre Rocket e Yondu, em que este diz àquele que se faz de durão e mau, que ele, na verdade não passa de alguém que deseja ser amado e aceito. E não é isso que as pessoas querem, as pessoas vivem muitas vezes sob capa de ódio e revolta, quando na verdade são seres carentes de amor, compreensão e aceitação. Não será esta a mensagem principal de James Gunn (diretor)?
Interessante que ao final do Vol. 1, Quill, Drax, Gamora, Rocket e Groot se tornam amigos, ao final do Vol.2, na fala de Drax, eles se tornam algo ainda mais profundo, família, com a inclusão de Nebula, Yondu e Mantis. Aliás, a relação de Yondu e Quill é algo tocante, sério, os dois passam o tempo todo em perseguição e discussão durante os dois filmes, para na última batalha do Vol. 2, Yondu se sacrificar, e, literalmente, dar sua vida a Quill, como prova de amor de um pai adotivo que sempre cuidou dele para protegê-lo da Besta cruel que era Ego, o legítimo pai do Senhor das Estrelas, o nome deste vilão já diz tudo sobre ele. Ao final de tudo Quill pôde reconhecer seu verdadeiro pai, que o amou e cuidou dele por a toda sua vida, a cena final com a homenagem os saqueadores liderados por Stakar (Stallone) é realmente emocionante, sério, eu que sou meio secão, cheguei a ter os olhos meio nebulosos. Aliás, por falar em nebuloso, Nebula e Gamora são um caso à parte, as duas sempre com as caras amarradas, desde que surgem na história estão em pé de guerra fraticida o tempo todo, uma tentando derrotar a outra, há sempre ódio e raiva, fruto, obviamente, do relacionamento doentio com o pai que as adotou, ou melhor, sequestrou e sempre delas abusou de forma violenta, além de as tratarem com, algo terrível que um pai as vezes faz, e que sempre deveria evitar, predileção. A predileção de Thanos por Gamora deixava Nebula ainda mais revoltada e cheia de ódio. Entretanto, ao final do Vol. 2, o que prevaleceu foi um abraço cheio de amor entre as duas irmãs tão carentes de um verdadeiro amor familiar, algo que jamais receberam do grande vilão da Marvel, mas, que existia ali entre as duas e só precisava ser descoberto.
Concluindo, a linguagem de Guardiões das Galáxias é cheia de violência gráfica, ação, discussões, maldade, vingança, contudo, em todo este universo, há uma mensagem que deveríamos perceber: O mundo é cheio de maldade, injustiça, e até crueldade, diante destas coisas muitas vezes agimos de acordo com a própria natureza humana, diante da violência, respondemos com mais violência, diante da mentira, respondemos com mais mentiras, diante do ódio, respondemos com mais ódio. Contudo, o mundo precisa de outras repostas. “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Rm. 12:17-19.
Sim, o mundo é carente de amor, ódio, gera mais ódio, violência, mais violência, só o perdão baseado no amor de Deus pode quebrar este ciclo. Em tempos de tanta guerra e violência, muitas vezes, apenas de palavras e insultos no mundo virtual das redes sociais, podemos fazer diferença com amor e perdão. As pessoas estão carentes de amor, podem até estar em guerra e agirem com dureza, dor e ódio, mas, o que elas querem é ser amadas, querem encontrar o amor. O amor já foi foi derramado na cruz, o mundo precisa conhecê-lo.