Baseado em um artigo de jornal sobre uma menina que podia escutar e falar e que tinha pais surdos-mudos, a diretora e roteirista alemã Caroline Link, fez uma obra reflexiva e bela. As jovens Lara, vivida na infância por Tatjana Trieb e na juventude por Sylvie Testud, são a boca e ouvidos dos pais surdos-mudos e o mundo exterior, em uma pequena cidade do Sul da Alemanha. A mãe, Kai (Emmanuelle Laborit) é maleável diante da situação, sendo mesmo muito dócil com a filha, enquanto o pai, Martin (Howie Seago) mostra-se muito possessivo em relação à Lara, primeira filha do casal. Um filme profundamente reflexivo, um tema delicado e muito difícil de ser filmado sem pieguices. Um intérprete inglês-francês-surdo-mudo teve que ser contratado durante as filmagens e a linguagem dominada pelos atores. Na segunda metade do filme Lara se afasta, no intuito de realizar seu sonho musicista, vai morar com Clarissa e se preparar para o exame de admissão no conservatório de Berlim. Atores bem preparados, um filme apaixonante, repleto de empatias principalmente pela atriz mirim Tatjana Trieb e também por Syvie Testud, em magníficas atuações. Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 1998 e premiado nos festivais de Tóquio, Chicago e Vancouver. “Não existiria som se não houvesse o silêncio (...), nós somos medo e desejo, feitos de silêncio e som”. (Lulu Santos)