Existem notícias que tiram o nosso chão. Para Alice Howland, isso acontece quando ela, num consultório médico, recebe o devastador diagnóstico de que possui uma forma rara de Mal de Alzheimer, devido à sua idade. A descoberta da doença não só afeta Alice em si, como também à sua família, pois, como ela possui uma forma rara da enfermidade, isso advém de uma mutação genética que, provavelmente, afetará seus filhos (interpretados por Kate Bosworth, Hunter Parrish e Kristen Stewart).
“Para Sempre Alice”, filme dirigido e escrito pela dupla Richard Glatzer e Wash Westmoreland, acaba sendo inédito em obras com temática parecida com essa. Ao contrário do visto em “Longe Dela”, filme de Sarah Polley, por exemplo, não temos a visão da doença pelo ponto de vista de quem fica: o cuidador. Ou seja, a história do longa é contada por Alice e acompanhamos a visão dela sobre como é ir perdendo, cada vez mais, a sanidade, as suas lembranças e a sua identidade, na medida em que ela vai se transformando em uma estranha para si mesma – e para a sua família, o que redefine todo o relacionamento que ela possui com eles.
Deve ser horrível ter que passar (ou ver alguém que amamos muito vivenciar isso) por uma situação desse tipo. E, para Alice, o diagnóstico é pungente. Uma professora renomada de linguística, dona de uma mente criativa e bastante ativa, mãe participativa na vida dos seus filhos, mulher independente e fascinada pela oportunidade de se comunicar com os outros. Para ela, a sensação e a certeza de que o caráter degenerativo de sua doença vai fazer com que ela perca as coisas que, provavelmente, ela mais valoriza, é algo muito doloroso.
Talvez, por isso mesmo, o elemento que acaba mais se sobressaindo num filme simples como “Para Sempre Alice” (que foi filmado em 23 dias e foi originalmente concebido como um telefilme) é a atuação de Julianne Moore, que, após cinco indicações, finalmente conseguiu a sua tão cobiçada estatueta do Oscar de Melhor Atriz por esse filme. A atuação dela, além de forte, é repleta de compaixão e de humildade diante de uma situação que causa uma impotência tão grande na gente. O discurso dela na conferência de pacientes com Mal de Alzheimer justifica todos os prêmios conquistados por ela nesta temporada.