Quem é mulher, atualmente, no Brasil, sabe que é muito difícil encontrar um homem bom, companheiro, com quem passamos a vislumbrar a possibilidade de dar um passo mais sério rumo ao casamento e a constituição de uma família. Apesar disso, nada justifica a série de humilhações pelas quais passa Malu (Ingrid Guimarães), personagem principal da comédia “Loucas pra Casar”, filme dirigido por Roberto Santucci, no relacionamento amoroso que ela estabelece com Samuel (Márcio Garcia).
No papel, Samuel é o homem perfeito! Bonito, educado, atencioso, romântico e companheiro. Com ele, Malu tem um relacionamento sério que dura anos. Ao que tudo indica, eles estão bem próximos do momento em que Samuel vai pedir Malu em casamento. De uma certa maneira, é a ansiedade por viver isso que deixa Malu um tanto neurótica em relação ao comportamento de Samuel, ao ponto de ela contratar um detetive particular (Charles Paraventi) para investigar a vida privada dele.
Existe um ditado muito popular no Brasil que afirma que “quem procura, acha”. A partir da descoberta que Samuel tem não só uma (Lúcia – interpretada por Suzana Pires), como duas amantes (Maria – interpretada por Tatá Werneck), o mundo de Malu vai abaixo. Ainda mais quando ela conhece pessoalmente as duas e vê o quão diferentes todas elas são. Essa descoberta abala, não só a autoestima e a confiança de Malu nela mesma, como também influencia na forma como ela enxerga Samuel, pois falta a ela a compreensão do por quê ele ter se atraído por pessoas como Lúcia e Maria.
“Loucas pra Casar” se aproveita de uma situação constrangedora, que ninguém quer viver, para discutir alguns temas que são fundamentais nos dias de hoje: o fato da mulher não se dar o devido valor quando confrontada numa situação como a vivida por Malu (e pelas duas amantes de Samuel, que também desconheciam a outra parte da vida daquele a quem elas chamavam de namorado), sucumbindo ao orgulho desnecessário para tentar vencer suas adversárias na briga pelo amor de um homem. Porém, pensando melhor, se fosse o contrário, não teríamos filme – ou, na melhor das hipóteses, teríamos o relato de uma história sobre a vingança de Malu. O final surpreendente de “Loucas pra Casar”, nos revela somente uma outra constatação: a de que, dentro de nós, existem diversos tipos de pessoas, com as mais diferentes personalidades. E atire a primeira pedra quem não lutaria até o fim por um grande amor!