Artificialidades...
É comum ouvirmos afirmações de que determinadores artistas atuam em algumas produções visando "pagar suas contas", já que o calibre do qual dispõem geralmente permitiria melhores escolhas. No caso do astro Bruce Willis é comum ele aparecer em diversas empreitadas sem muita qualidade final, justamente para se mate na ativa e deixar seus gastos na vida pessoal em dia. Optar por antagonizar esse recente A Máquina é uma prova dessas escolhas duvidosas do artista que muito tem a oferecer em uma produção que pouco exige dele.
Em A Máquina, Willis interpreta Julian Michaels, um famoso designer da robótica que conseguiu criar um ambicioso resort no qual as pessoas podem fazer o que quiserem sem qualquer preocupação com leis ou interferências externas. Intitulado VICE, o ambiente é dotado da mais alta tecnologia de inteligência artificial em seus androides, fazendo-os sentir emoções e ter reações de acordo com a circunstâncias. Aliado a essa característica, os administradores conseguem "limpar" as mentes dos robôs de forma que não se lembrem de nada que ocorreu na noite anterior, criando um infinito loop de situações adversas e sem comprometimentos. Porém, uma das máquinas, Kelly (Ambyr Childers) volta para o dia seguinte e começa a ter flashbacks do que viu na noite passada, gerando um sério contratempo para o local, pois isso demonstra uma falha de segurança perigosa, já que tais androides podem usar tais informações e revidar o que sofreram em dias anteriores.
Bom, a premissa morre aí, já que o diretor Brian A. Miller visa conceber um filme de ação e deixar o que seria uma divertida história bem em segundo plano. Poderia até não ser problema se as sequências de ação fossem engenhosas ou no mínimo criativas. O filme fica no básico tiro, corre, explosão, repete! Isso sem contar que os mercenários que sempre aparecem encapuzados tem a mira pior que uma criança de 3 anos, não acertam nada... o que o diretor queria mostra com isso, vai saber?
Do ponto de vista da ficção científica até temos algumas boas ideias, como a total ausência de papel no dia-a-dia da policia e do resort. Mandados são enviados por computador e smartphone, a sala de controle do VICE é simples mas mostra o básico do ambiente, com monitores plenamente sensíveis ao toque, inclusive um gigantesco teclado totalmente tátil. Além, claro, dos robôs, mas nada disso é inovador, já que visivelmente foram conceitos já tratados em outras produções com resultados bem melhores.
O elenco, composto basicamente pelo trio que estampa o cartaz, nos traz Thomas Jane como Roy Tedeschi, talvez o único que realmente diverte com seu estilo canastrão e casca grossa na "tentativa" de copiar Jason Stathan; Ambyr Childers com a robô fujona Kelly e Bruce willis como Julian Michaels. Nada de destaque ou que chame atenção, nem mesmo Willis, já que ele parece só passear de um ponto a outro das salas nas quais atua.
A MÁQUINA é um filme com conceito pra lá de interessante, mas que deixa isso de lado por conta da inexperiência do diretor e um roteiro banal. Caracterizá-lo como filme de ação não está errado, mas é nitidamente uma produção de baixo orçamento com efeitos visuais mínimos e simplórios, sendo a presença de um astro visando unicamente atrair o público, nada mais. Vale apenas por curiosidade, já que é forte candidato e tela quente/supercine.