Lançado em 2010, Meu Malvado Favorito já não era assim um filme excelente, mas cumpria bem o seu propósito de entreter, com o dificultador e o frescor de não ser baseado em livros, HQs, séries de TV, videogames ou linha de brinquedos. Mais do que isso, conseguiu conquistar relevância cultural ao apresentar os, agora queridinhos, Minions. Era natural que em sua segunda continuação direta (além de um spin-off só com os malvadinhos favoritos amarelos) a coisa esfriasse e as ideias se tornassem mais desgastadas.
Em Meu Malvado Favorito 3 as poucas passagens realmente engraçadas ainda são as protagonizadas pelos Minions, embora nem todas as cenas protagonizadas pelos Minions sejam realmente engraçadas. Os roteiristas utilizam um recurso batido de continuações: introduzir um personagem próximo do protagonista - um filho, um pai, um par amoroso, um irmão... No caso, este último. Pois o penúltimo já gastaram no filme anterior.
Um novo vilão também é apresentado, mantendo a tradição de um vilão por filme. O que é um alento e evita o erro, por exemplo, da já esquecível franquia "rival" Era do Gelo, que foi apenas aumentando seu rol de personagens a ponto de não ter onde mais encaixar tanta gente (ou bicho) em pouco mais de uma hora de história. Uma evidência clara desta opção, foi terem tirado de cena o auxiliar de Gru, Dr. Nefário, em uma divertida referência a O Império Contra-Ataca (porque também é difícil uma referência a Star Wars não ser divertida). Os demais personagens estão lá, sendo um pouco mais do mesmo, com histórias paralelas que pouco se desenvolvem e que se fecham com resoluções corriqueiras.
O uso de 3D não acrescenta em nada à narrativa nem à experiência do espectador, mas também não atrapalha. A dublagem nacional merece reconhecimento, primeiramente pelo bom trabalho de Leandro Hassum (em papel duplo) e Maria Clara Gueiros. Em segundo, é reconfortante notar já nos créditos iniciais que foi respeitado e mantido o trabalho original de Pierre Coffin como a voz dos Minions. Por último, mas não menos importante, foi extremamente feliz a escolha de Evandro Mesquita para o papel do vilão que tem os dois pés nos anos 1980. O ator-cantor carioca se mostra bem à vontade com o material e ainda tem a oportunidade de se auto referenciar com um "OK, você venceu, batata frita".
Mesmo quase parecendo uma desculpa para vender mais centenas de milhares de produtos, o filme garante facilmente a diversão das crianças e não deixa os pais se entendiarem, especialmente com as inúmeras referências visuais e musicais oitentistas. E qualquer produção que usa Money for Nothing no seu clímax garante ao menos uns pontinhos a mais.
padecin.com