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    Bem Perto de Buenos Aires
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Bem Perto de Buenos Aires

    “El sonido alrededor”

    por Renato Hermsdorff

    Bem perto de Buenos Aires, um helicóptero da polícia sobrevoa uma área vizinha a um condomínio de luxo, anunciando uma ordem de despejo – assim começa Bem Perto de Buenos Aires (Historia del Miedo, no original).

    Transitando por classes sociais diferentes, o filme apresenta personagens de lados opostos da cerca da pobreza. A doméstica, a arquiteta que a emprega, o sobrinho da doméstica, a namorada do sobrinho da doméstica que trabalha na casa dos amigos ricos da arquiteta, e por aí vai, ou seja, uma intrincada junção de histórias paralelas que se tocam em algum ponto.

    A câmera parece acompanhar em “tempo real” as ações cotidianas dos personagens. E um clima de tensão, com origens na luta de classe, vai sendo construído à medida em que essas relações se desenrolam.

    Se você pensou em O Som ao Redor, bingo! Bem Perto de Buenos Aires é a versão argentina não-proposital do longa deKleber Mendonça Filho, um sucesso de crítica (inclusive para o AdoroCinema).

    Mas como opinião é algo da ordem do subjetivo, este que aqui escreve acredita que, assim como o seu par pernambucano, o longa-metragem argentino carece de um mínimo de ação dramática. Num cenário de apatia (independente de quanto dinheiro cada um guarda no bolso), a impressão que fica é a de que os 80 minutos de duração (pelo menos não é longo) do filme servem para apresentar os personagens.

    É bonito de se ver: a fotografia é caprichada, o enquadramento mostra domínio de câmera por parte do diretor Benjamin Naishtat, o som (quando há) é limpo e perfeitamente audível.

    Mas qual a motivação dessas pessoas? O conflito – que, por favor, não, não deve ser entendido como uma sequência de luta de 48 minutos entre um herói de collant e um tigre geneticamente modificado dentro de uma Lamborghini enquanto escalam a fachada de um arranha-céu espelhado em Manhattan – é tão reprimido, que reduzido a praticamente nada.

    E sem conflito não há cinema completo – nem o europeu, nem o iraniano, nem o mudo (talvez o experimental, mas aí é outra história).

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