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    13 Minutos
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    13 Minutos

    Um homem apaixonado (que quase matou Hitler)

    por Bruno Carmelo

    O cartaz, o tema e a sinopse de 13 Minutos fornecem uma ideia muito particular do filme. É possível acreditar que temos em mãos uma trama explicando como um homem comum, sem filiação a partidos políticos, arquitetou sozinho um atentado terrorista que quase matou Adolf Hitler – embora o líder nazista tenha conseguido escapar, fugindo treze minutos antes que a bomba explodisse.

    Com essa história, dirigida pelo mesmo cineasta de A Queda – As Últimas Horas de Hitler, espera-se um filme histórico, detalhando os bastidores políticos da Alemanha nazista às vésperas da Segunda Guerra Mundial. O foco da narrativa, entretanto, encontra-se no homem por trás do plano arriscado, e não no plano em si. O título original, Elser, representa melhor esta biografia de Georg Elser, preocupada em construir o passado do homem solitário e apaixonado.

    Para deixar claro que o plano de assassinato não é o foco da história, ele é apresentado logo nos primeiros minutos. A bomba é implantada facilmente, o estouro é visto de longe, e a fuga de Hitler sequer aparece em tela, sendo citada por terceiros. Depois deste ponto de partida, em flashbacks, o roteiro explica quem era Georg Elser (Christian Friedel), sua relação com a família, seu talento com as mulheres, sua paixão pela música.

    Os flashbacks adotam um tom doce, com música romântica e destaque à paixão de Elser por Elsa (Katharina Schüttler), uma mulher casada com um nazista. O marido é visto como um vilão caricatural, enquanto o protagonista serve de príncipe pronto para resgatar Elsa do regime nazista. A metáfora é clara, melosa e não exatamente sutil: salvar Elsa das garras da extrema-direita é como salvar a Alemanha do perigo nazista representado por Hitler. Começando como homem comum, Elser torna-se herói, algo reforçado pelos letreiros finais.

    Talvez o maior problema do filme seja a dificuldade de trabalhar esta metáfora, ou seja, combinar a história do país com a vida amorosa do personagem. Nunca se sabe exatamente se este pretende ser um documento baseado em fatos ou uma metáfora poética da sobrevivência em tempos extremos. A atuação lacônica de Christian Friedel não contribui a dissipar a dúvida: ora ele parece um homem determinado e racional, ora apenas um sujeito instável e impulsivo. Não se sabe de onde surgiram seus surpreendentes conhecimentos em engenharia, nem como foi formatado o seu complexo posicionamento político.

    Apesar das indefinições narrativas, 13 Minutos se sai bem no aspecto visual. As cenas de guerra são potentes e impecavelmente produzidas, revelando uma qualidade técnica bem orquestrada por Oliver Hirschbiegel. O diretor encontra soluções inteligentes para algumas cenas, como os momentos de tortura, ilustrados pelo rosto impassível da escrevente, ouvindo os gritos no corredor ao lado. O ritmo também é agradável, bem construído, e deve contribuir para o sucesso comercial da produção nos cinemas.

    Filme visto no 65º festival de cinema de Berlim, em fevereiro de 2015.

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