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    American Ultra: Armados e Alucinados
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    American Ultra: Armados e Alucinados

    Mais é menos

    por Bruno Carmelo

    A princípio, este é o material ideal para uma diversão geek. A trama gira em torno de um jovem qualquer, que descobre possuir habilidades incríveis para o combate. Entram em cena vilões poderosos, armas, explosões, complôs com agências secretas, belas garotas, história em quadrinhos, música pop, edição em estilo videoclipe e momentos de ação como num videogame. Ou seja, uma típica colagem pós-moderna, colorida e barulhenta, destinada a se comunicar com a geração Y, que transita entre registros totalmente diferentes na velocidade de um clique.

    De todos os tons e estilos encontrados em American Ultra, o melhor encontra-se no romance entre os protagonistas, que corresponde ao início da história. Jesse Eisenberg e Kristen Stewart não são conhecidos pela versatilidade, mas ambos se encaixam muito bem no papel de jovens adultos largados pelo sistema, sem perspectivas de vida. A história de amor é comovente e verossímil, ajudando o espectador a torcer pela dupla no emaranhado narrativo que se segue.

    O problema encontra-se, de fato, em todos os outros aspectos do roteiro. Quando mostra um complô na CIA, o filme torna-se risível. A escolha improvável de Topher Grace e Connie Britton como agentes perigosíssimos poderia indicar uma comédia escrachada, mas o tom nestes momentos esbanja seriedade. Surge então um desconforto, uma incerteza. O cineasta Nima Nourizadeh pretende realmente que o público acredite nesta relação de poderes, que tema pelos planos secretos lançados sem sutileza na tela?

    A direção de Nourizadeh é, no mínimo, confusa. O relacionamento da dupla central é trabalhado de modo realista, mas as ações são surreais. Já a escolha preciosista dos enquadramentos não para de chamar atenção para si mesma. O diretor é fã dos planos aéreos, em plongé, além da sucessão de símbolos (panelas, bichos de pelúcia, olhos) mais estéticos do que propriamente diegéticos. Percebe-se um diretor muito contente com si mesmo, com sua música pop-rock em cada cena de ação, com a quantidade excessiva de sangue jorrando dos ferimentos. Enquanto isso, a história gira em círculo, tenta apresentar algumas reviravoltas maliciosas, mas nunca sai do lugar.

    Talvez American Ultra sonhasse em ser uma espécie de Kingsman – Serviço Secreto, ou uma produção de Quentin Tarantino. Mas enquanto estas referências bem-sucedidas trabalham com a subversão de códigos precisos, em narrativas lineares, o stoner movie prefere a lógica do excesso, embutindo ao mesmo tempo um romance, um filme de ação, uma história de espionagem numa mesma produção, que pretende ser violenta, sexy, cool, engraçada e séria ao mesmo tempo, dialogando tanto com o circuito de arte quanto com o circuito comercial, tanto com adolescentes quanto com jovens adultos.

    A mistura não funciona: o produto final é tão violento que conseguiu uma classificação etária alta, restringindo a presença de adolescentes, enquanto os adultos devem achar a trama demasiadamente infantil. American Ultra é pop e televisivo demais para o circuito de arte, mas desconexo demais para o circuito comercial. O gancho para a sequência revela o otimismo dos produtores quanto ao sucesso nas bilheterias, mas é difícil imaginar que esta empreitada se transforme em uma franquia.

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