Apesar de se passar em uma localidade pequena da Irlanda e, posteriormente, no bairro do Brooklyn, em Nova York, o filme Brooklin, dirigido por John Crowley, tem uma história cujo caráter é universal, uma vez que a jornada vivida por Eilis (Saoirse Ronan, em uma performance indicada ao Oscar 2016 de Melhor Atriz) é algo com o qual aqueles que abandonaram seu lar em busca de novas oportunidades em outros lugares irão se identificar por completo.
Após o incentivo de sua irmã Rose (Fiona Glascott), Eilis deixa o seu lar e, assim como muitos imigrantes – principalmente os irlandeses, que ajudaram a construir a nação mais importante do mundo – vai para os Estados Unidos tentar estabelecer uma nova vida. A mudança não será fácil para Eilis e, apesar de ela ter uma casa, um novo trabalho e começar a estudar, a verdade é que, por boa parte do filme, a personagem nunca sentirá que pertence aos ambientes nos quais ela se insere, afinal de contas, ela está longe de tudo aquilo que lhe parece familiar.
A grande surpresa por trás de Brooklin é que o filme, na realidade, não é a jornada de alguém rumo ao amadurecimento e à descoberta de sua identidade – mesmo que Eilis passe por tudo isso no decorrer no longa. O roteiro escrito por Nick Hornby (tendo como base o livro de autoria de Colm Tóibín) é uma verdaderira história de amor. É por meio da vivência (e da descoberta, pela primeira vez, na vida dela) desse sentimento por parte de Eilis que ela vai chegar à conclusão sobre qual é o seu real lar – mesmo diante de toda a dor e do conflito interno que ela passa.
Por isso mesmo, Brooklin é uma das obras mais surpreendentes da safra Oscar 2016, pela maneira como envolve a plateia em sua história. Isso é mérito da direção de John Crowley, mas, principalmente, da química existente entre Saoirse Ronan e o charmoso Emory Cohen (que interpreta Tony). São as cenas que envolvem eles, bem como as excelentes tramas paralelas que retratam o núcleo da casa da Mrs. Keogh (Julie Walters) que vão nos mostrando, ao mesmo tempo, pouco a pouco, que, mesmo sem ela ter percebido, Eilis já está em casa.