Depois do sucesso do filme “Intocáveis”, uma tocante comédia dramática francesa que emocionou muitas pessoas mundo afora, seus criadores tentam mais uma vez emocionar o público com mais uma deliciosa comédia dramática que tem todos os ingredientes para um filme de sucesso: boa história, bom ritmo, boas piadas, personagens carismáticos e interessantes e uma leveza muito bem vinda. Para quem não sabe, o filme trata dos dramas dos imigrantes ilegais na França e sua busca por melhores condições de vida, tendo que se submeter a empregos que não requerem grandes qualificações para ganharem mixaria na busca de um futuro melhor. Para contrabalancear esse tema tão denso, há um romance entre Alice (Charlotte Gainbourg), uma mulher insegura e que sofre de problemas para dormir e estafa, com um senegalês (Omar Sy), que mesmo depois de viver 10 anos na França, não conseguiu ainda sua documentação para permanecer em Paris, sofrendo com o risco eminente de ter de voltar à sua terra natal. Pena que o final do filme desande a massa do bolo. Ao apostar num final melancólico e melodramático os diretores destoaram de todo o restante do filme, que mesmo tendo uma pegada dura em alguns momentos permeadas de maneira homeopática, até os minutos finais não havia tido um embate tão dramático e anti-clímax. Tudo bem. O filme tenta retratar momentos marcantes de personagem de fácil identificação, e assim é a vida: bons e maus momentos mesclados de maneira inconstante. Não quero dar spoilers aqui, mas enfim... O filme vale muito a conferida, principalmente pelo trabalho dos atores, que estão excelentes. Charlotte Gainsbourg parece finalmente ter se livrado das amarras trágicas de suas personagens dos últimos filmes de Lars Von Trier, e nos brinda com uma mulher depressiva, como é intitulada, porém com graça e encanto. Seu semblante menos sério, sorridente e com uma ingenuidade no olhar praticamente pueril de uma adolescente apaixonada, é bonito de se ver. E Omar Sy, como o protagonista Samba, mesmo repetindo seu jeitão brucutu de “Intocáveis”, transborda carisma e tem uma interpretação inspirada, desde os momentos mais leves e engraçados, como também nas cenas de maior tensão. Outro destaque vai para a pequena participação de Tahar Rahim, como um “brasileiro” conquistador, que traz excelentes momentos cômicos à tela. Ah, e a trilha sonora é excepcional, com algumas canções brasileiras de ícones como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor. No mais, é um filme leve, divertido e que não fosse o final apático, poderia estar entre os filmes que mais me impressionaram positivamente este ano, pois não esperava muito por ele, e vi que trata-se de uma ótima obra, para se divertir e refletir.