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    Uma Família Gay
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Uma Família Gay

    Pequeno manual das grandes questões

    por Bruno Carmelo

    Este filme decide atacar dezenas de questões centrais à sociedade argentina desde que foi aprovado o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo: O que leva duas pessoas a se casarem? Qual é a diferença entre um casal gay e um casal heterossexual? A monogamia é obrigatória? Residir na mesma casa é obrigatório? Como casais gays devem proceder em caso de adoção? E fertilização in vitro? E a herança, a assistência em caso de doença, o divórcio?

    Trata-se de questões tão importantes quanto amplas, e o diretor Maximiliano Pelosi decide não se aprofundar em nenhuma delas em particular. Pelo contrário, em cada cena ele pergunta a um entrevistado (todos a favor do casamento gay) sobre uma dessas dúvidas, e depois passa ao tema seguinte. Ficamos com a impressão de uma pequena cartilha sobre como oficializar o seu casamento gay no começo do século XXI. Pelo tom explicativo, não fica muito claro se o discurso é dirigido ao público heterossexual (que dificilmente assistirá à produção, não exibida em circuito comercial) ou ao público gay, que talvez já conheça a maioria das respostas oferecidas.

    Para este discurso tão nobre quanto indefinido, o cineasta optou por uma forma questionável: a docu-ficção. As cenas principais bebem na fonte documental, com especialistas em legislação ou ativistas pelo casamento homossexual fornecendo detalhes sobre as leis e sobre o avanço histórico dos direitos civis. Mas estas histórias são costuradas pela experiência de vida do diretor, que se inclui em cena encenando, didaticamente, sua vida de casal: ora ele divide uma refeição com o namorado, ora faz sexo, ora vai a uma festa. Em comparação com as cenas realmente documentais, essa pseudo-ficção de caráter realista aparenta falsa, pouco interessante, por jamais se assumir como a encenação que realmente é.

    Talvez o maior mérito de Uma Família Gay seja fazer boas perguntas, sem saber no entanto onde procurar as respostas, nem como respondê-las de maneira aprofundada. Assim como o personagem-narrador-autor, o filme está confuso sobre a questão, e contenta-se com um panorama amplo, leve e pouco crítico da questão. Depois de assistir a um filme desses, um eventual casal gay saberá onde solicitar os documentos de adoção, mas não conhecerá mais sobre os avanços históricos, sobre a implicação da união civil igualitária na esfera política ou sobre a própria evolução da noção de família.

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