Assisti hoje a outro filme que concorre ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira: o super premiado drama polonês "Ida". Filme impressionante, de uma beleza fotográfica deslumbrante, filmado em preto-e-branco, realmente não pode deixar de ser visto para quem é cinéfilo e aprecia filmes de ritmo lento e grande densidade cênica. É um retrato pungente e intimista da Polônia pós-guerra, a que ninguém ficará indiferente. Mas, cuidado! Não é filme para todos os paladares, e será especialmente indigesto para os apreciadores do cinemão americano, com suas grandes correrias, discussões verborrágicas, palavrões, e efeitos especiais. A música de "Ida", tal como o filme, é precisa, elegante e econômica, basicamente pianística. Uma trilha sonora tocante, e usada com grande sabedoria pelo diretor.
Quando a tia disse "você é judia" logo pensei: putz! Mais um filme sobre o holocausto! Mas logo logo o filme nos convence com toda sua vagareza, todo seu silêncio, o clima e a melancolia de que essa uma ferida prestes a se abrir e apesar do plano de fundo, não é mais um filme sobre o terrível episódio histórico do holocausto. É um filme sobre uma noviça que não apenas não conhece nada sobre as dores e delícias do mundo mas também não conhece nada sobre sua origem e toda dor de sua história. Sobre a possibilidade que lhe foi permitida de conhecer e sobre o que ela escolheria pra si antes de confirmar os votos para se tornar uma freira. O roteiro amarrou muito bem a história, pois ela em seu conhecimento ínfimo sobre fazer escolhas não poderia despertar repentinamente o desejo de viver além do convento, já que ali vivia bem. Eu sempre disse isso sobre minha hamster chines que só conhecia sua gaiolinha e o que dávamos a ela para comer. A ignorância é chave da felicidade. Então já que Ida não poderia ter esse desejo repentino, deram lhe essa orientação e sem muita empolgação ela o fez. Descobriu com sua tia uma pequena amostra sobre a vida fora do convento, tia essa cuja personalidade se opõe claramente à da Ida: regada à álcool, sexo, cigarros e música. Era uma mulher realmente inteligente (juíza), bonita e com ideais de luta. Mas que se sentia vazia e em conflito interno permanente, nunca se perdoou pelo futuro de seu filho. É a tia quem nos convida para as reflexões mais intensas do filme: "como você pode considerar os votos sendo sacrifícios se você nunca experimentou o pecado e portanto abdicá-los não pode ser um sacrifício", "você não tem medo de que conhecendo aquele lugar pode perceber que Deus lá não existe?" A fotografia em preto e branco é sem dúvida o grande destaque do filme, deixando-o bonito e real. E despertando a atenção até de leigas como eu. Provoca sentimentos inexplicáveis, tal como me tocou duas cenas em especial: a casa dos pais de Ida e a imagem dos três andando sentido à floresta e a Ida para esperando a tia. É um pouco incômodo acompanhar essa melancólica noviça, mas é um personagem fiel e surpreendentemente interessante.
Simplesmente Perfeito. Comentei que para mim foi como ter visto um grande recorte fotográfico sendo exibido como película. A fotografia do filme chama atenção desde a primeira cena até a ultima, denotando o enquadramento contraposto a realidade vivida pelas "Agatas", que por sinal possuem uma beleza ímpar demonstrada com a maior perfeição que uma película pode revelar, não só através da fotografia, mas como pela sensibilidade artística. Não obstante a trilha sonora é de uma grandiosidade tremenda pelas excelentes escolhas que trouxe ao drama o requinte que se merece.
Algumas cenas são tão marcantes que é impossível não comentar sobre elas quando se termina a sessão, mas não deixarei o Spoiler.... Recomendo muito. *****
Achei muito interessante como a história se desenvolve e como o diretor mostra uma linha tênue entre o quero e o que devo fazer, o que realmente vale ou nao pena viver, filme q tem histórias de vidas antagônicas e intrigantes em relação as personagens Ida d sua tia.
Não´é filme para "qualquer dia" - em preto e branco, dá uma certa densidade mais profunda ao tema não tão digesto assim. Um filme reflexivo que fala de escolhas, renúncias, religião.. relações humanas. Recomendo que assistam. Vale a experiência e o silêncio com que sua alma saí do cinema!
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