Um dos meus gêneros favoritos é o drama, de época ou não, em que os protagonistas enfrentam um dilema moral e/ou ético e têm que saber lidar com as consequências de seus atos. Esse tipo de filme geralmente me faz refletir e pensar como eu agiria se estivesse em tal situação. A Luz Entre Oceanos é um bom exemplo de história cativante em que os protagonistas sofrem com suas atitudes que, mesmo tendo sido tomadas com a melhor das intenções, acaba por fazer mal a outras pessoas. Aqui, Tom (Michael Fassbender) é um homem veterano de guerra que aceita trabalhar num farol isolado, numa ilha longínqua. Mas na cidade mais próxima, ele acaba conhecendo a encantadora Isabel (Alicia Vikander) e eles acabam se apaixonando e se casando. Eles vão morar na ilha do farol, afastados de tudo. Tudo seria um mar de rosas, não fosse a tentativa frustrada de Isabel em ser mãe. Ela sofre dois abortos espontâneos, e justamente nesse momento em que ela se sente devastada, após a morte do segundo bebê, eis que um barco à deriva desemboca na ilha do farol. Lá dentro encontra-se um homem morto e uma linda e saudável bebê. Eles decidem ficar com a criança sem contar a ninguém, já que todos da cidade próxima sabiam que Isabel estava grávida e ignoravam o fato do recente aborto. Eles se tornam pais amorosos e perfeitos, até que Hannah (Rachel Weisz) aparece em suas vidas. Hannah é a verdadeira mãe da criança “roubada” e sofre desde o acidente do marido que teria causado a perda de seus entes queridos, até então dados como mortos. E daí surge todo o dilema. Devolver a criança à mãe verdadeira que sofre com a ausência da filha, ou continuar a criar a criança como se fosse sua? A ideia parece até tirada de uma novela do Manoel Carlos, mas é interessante ver o desenrolar da história. No primeiro ato, um romance avassalador; no segundo ato, o sofrimento da perda de dois filhos e um milagre redentor; e no terceiro ato, o sentimento de culpa por um segredo que coibiu uma mãe de criar sua amada filha. A parte técnica do filme é muito boa (principalmente a linda fotografia), e o elenco é fenomenal. Fassbender, que ficou conhecido pelo grande público por interpretar o jovem Magneto nos últimos filmes dos X-Men (e que, aliás, fez outros filmes bem mais interessantes que os dos heróis mutantes) está muito bem no papel que lhe cabe. Ele traz a densidade necessária a um mocinho complexo e de poucas palavras; Alicia Vikander encanta desde sua primeira aparição na tela e tem uma atuação bem marcante; e Rachel Weisz, super competente como sempre, faz o seu trabalho de maneira acertadamente contida. O problema do filme é que em seu último ato acaba faltando um pouco de fôlego. Justamente no que deveria ser o ápice da história, o filme se transforma num dramalhão mexicano. Apesar do desfecho coerente e correto, fica aquele sentimento de que poderia ser diferente. Ainda assim é um filme que vale bem a pena para quem gosta do gênero, pois é um filme de atuações e que fala sobre os limites do amor e suas consequências.