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    Minha Mãe é uma Peça 2
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Minha Mãe é uma Peça 2

    Assim como no anterior...

    por Renato Hermsdorff

    Diz a máxima popular que não se mexe em time que está ganhando. Depois de levar cerca de 4,6 milhões de espectadores aos cinemas em 2013 (o maior sucesso nacional daquele ano), Dona Hermínia (Paulo Gustavo) está de volta. Em Minha Mãe é uma Peça 2, a personagem segue superprotetora, desaforada e invariavelmente engraçada, como de costume. Mas correndo o risco de se repetir.

    Assim como em Minha Mãe é uma Peça - O Filme, a sequência direta aposta no inegável talento de Paulo Gustavo (que, novamente, é coautor do roteiro, ao lado de Fil Braz) em representar tipos populares – ainda mais um inspirado na própria mãe. Em cena, é de espantar a naturalidade com que o ator veste o papel, fundamental para estabelecer a bem-sucedida conexão (identificação) com o grande público.

    O novo longa gira em torno das angústias da maternidade, por assim dizer. Hermínia é agora apresentadora de TV, rica e avó. Mesmo tendo que comandar um programa, cuidar do neto, receber a irmã de Nova York (Patricya Travassos), ela só se preocupa, mesmo, com o que Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) estão (ou não) fazendo.

    Repetindo a fórmula do primeiro filme, as cenas se fecham, em si, com o propósito de gerar ótimas gags a respeito da preocupação de mãe (um bom exemplo é quando ela não se conforma quando descobre que o filho “não é mais gay”); mas deixa pontas soltas, confiando no desempenho do protagonista acima de tudo (exemplo? Hermínia passa a usar um apetrecho que controla seu humor, mas o equipamento é “esquecido” ao longo da trama, soterrado pelas – mais uma vez, ótimas – piadas do intérprete). A tal síndrome do ninho vazio, uma vez que os “pequenos” estão de mudança para São Paulo, é o que de mais perene o texto traz. Mas o resultado geral é episódico, quase como se a obra fosse composta de esquetes encadeadas.

    A falta de um arco abrangente mais consistente (com início, meio e fim) gera uma sensação de desperdício no que se refere à entrada de novas personagens, notadamente a irmã “locona” vivida por Travassos, que acaba ficando sem função no enredo. E há uma certa “forçação” para fazer caber o aspecto dramático dentro da produção, recurso que é ressuscitado com a despedida de um personagem, assim como... no filme anterior.

    Com uma roupagem (literalmente?) mais arrumada (três anos após Minha Mãe É uma Peça – O Filme, é nítido o salto de qualidade técnica aqui; fora que Hermínia está rica agora, ?), o longa novo acerta ao se apoiar no carisma e espontaneidade de Paulo Gustavo. Mas a franquia corre o risco de cair no limbo da repetição se não investir em uma trama mais robusta. Franquia?! É claro que um terceiro produto vai depender do resultado da bilheteria desse. Mas Minha Mãe É uma Peça 2 tem tudo para atrair um bom público para os cinemas. Assim como no filme anterior.

    Filme visto no 15º Show Búzios, em novembro de 2016.

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