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    Uma Vida Comum
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Uma Vida Comum

    Crônica da solidão.

    por Renato Hermsdorff

    Uma Vida Comum é um filme... comum, no melhor sentido: simples, despretensioso. Selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2013, o longa é uma bela crônica sobre a solidão e a morte.

    O argumento, por si só, já é bem original: um servidor público, John May (Eddie Marsan) tem como estranho trabalho a função de descobrir parentes próximos de pessoas que morreram sozinhas, avisá-los da fatalidade e, com sorte, sensibilizá-los para que compareçam ao funeral.

    O diretor, Uberto Pasolini – que, apesar do sobrenome, não é parente do Pier Paolo Pasolini mas, por outro lado, é sobrinho de Luchino Visconti – assina também o roteiro. De aspectos técnicos discretos – e certeiros na economia –, Uma Vida Comum é, sem dúvida, um filme de personagem.

    Apesar de lidar diretamente com a morte há 22 anos, Mr. May, um sujeito solitário e metódico, trata os casos com delicadeza e sensibilidade. E vai além, na sua função - a ponto de redigir, a partir do inventário do falecido, a mensagem a ser lida na cerimônia do adeus. (Talvez por temer o próprio abandono quando sua hora chegar).

    Em nome da eficiência, no entanto, seu setor é realocado dentro do universo burocrático da administração pública e ele é dispensado por um executivo coxinha. Ele decide, então, não medir esforços para solucionar um último caso – a morte de um vizinho, que ele não conhecia.

    E aqui começa a jornada (de transformação) do personagem. Eddie Marsan (figura manjada, do elenco de Jack, o Caçador de Gigantes e Branca de Neve e o Caçador) sustenta o filme com uma atuação contida, que o personagem introvertido pede, e comovente, apoiado por um ótimo elenco de coadjuvantes, com destaque para Joanne Froggatt (Downton Abbey), que interpreta a filha do último morto.

    Outro ponto alto do filme é o ritmo em que a história é apresentada. Embora o desfecho pareça previsível, você até torce para que ele aconteça. Até que, aos 45 do segundo tempo, uma reviravolta um tanto questionável tampa de maneira piegas o caixão. Mas até aí, você se divertiu e se emocionou o suficiente para sair com uma boa impressão da sala.

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