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    Belém - Zona de Conflito
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Belém - Zona de Conflito

    Amizade improvável

    por Lucas Salgado

    Seguindo a linha de filmes recentes como Uma Garrafa no Mar de GazaBelém - Zona de Conflito retrata o conflito entre Israel e Palestina através dos olhos de um jovem. Dirigido pelo estreante Yuval Adler, o novo longa aborda a perda da juventude resultante da tumultuada relação entre os países. Logo na primeira cena, vemos crianças "brincando" com armas e coletes à prova de balas. A sequência já apresenta o tom da produção e prima por uma naturalidade que fará o espectador refletir.

    Irmão de um importante membro da resistência palestina, Sanfur (Shadi Marei) foi recrutado ainda jovem por Razi (Tsahi Halevi), do serviço secreto de Israel, e acaba atuando como informante. Anos depois, eles desenvolveram uma amizade, que acaba colocada em xeque com o cerco do agente ao irmão e amigos do garoto.

    Uma das principais qualidades da obra está em focar sua atenção na relação entre Sanfur e Razi, deixando um pouco de lado político. Desta forma, humaniza-se a história e desenvolve-se melhor os personagens. Desta forma, também ameniza-se o fato de longa mostrar mais o ponto de vista de Israel, colocando, em alguns momentos, palestinos como terroristas e corruptos. O pouco que o filme se arrisca em falar de política mostra a visão de um lado só, por isso é bom saber que as relações entre as pessoas ganham mais destaque.

    Presente no título, a cidade de Belém é uma personagem à parte da narrativa. Localizada na parte central da Cisjordânia, a cidade sofreu por anos com a ocupação israelense. Desde os anos 90, no entanto, é administrada pela Autoridade Palestina. As marcas do conflito estão presentes ali como em poucos lugares, o que é visto em cenas nas quais vemos tropas de Israel sendo confrontadas pela população.

    Sem momentos de empolgação, o longa agrada, mas não encanta. Conta com um belo trabalho de design de produções e a trilha sonora não é excessiva. O grande destaque é para a direção de fotografia de Yaron Scharf. A cinematografia mescla tomadas abertas, reforçando a beleza e a destruição dos cenários, com outras cenas mais fechadas, algumas feitas com a câmera na mão, para destacar o sentimento de desespero e inquietação dos personagens.

    Bethlehem (no original) conta com boas atuações de Shadi Marei e Tsahi Halevi. Eles criam personagens complexos e interessantes do ponto de vista dramático. Hitham OmariTarek CoptiGeorge IskandarYossi Eini completam o elenco e também não decepcionam. Copti vive o pai de Sanfur, um sujeito orgulhoso do filho militante, mas que insiste para que o caçula siga seus estudos e comece a trabalhar.

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