Sorria, Você Está na Barra!: Crítica AdoroCinema

Gênero mais rico da cinematografia nacional, o documentário já provou que não existe temas ruins. Por mais simples, ou até banal, que seja o tema, se bem conduzido pode gerar um filme muito interessante. Edifício Master, de Eduardo Coutinho, conta a história de moradores de um prédio em Copacabana. Santiago, de Joao Moreira Salles, aborda a vida do mordomo da família do diretor. E o recente Elena, de Petra Costa, conta a triste história de vida da irmã da diretora. São temas que interessam ao público em geral? Não. Mas são temas que ganharam vida nas telas e encantaram, com razão, milhares de espectadores.

Toda esta introdução foi para dizer que o menor problema de Sorria, Você Está na Barra! está no fato de ser um documentário sobre a Barra da Tijuca. Por menos significativo que seja o tema, o problema da obra está no simples fato de não possuir foco, não trazer depoimentos interessantes, não contar com boas imagens e não contar com boa direção, montagem, trilha e por aí vai. 

O longa começa destacando as belezas naturais do bairro carioca e, através de textos inseridos na tela, fala um pouco das características econômicas do bairro, citando inclusive dados estatísticos como número de veículos e imóveis, e resultados do comércio. Tudo muito quadrado e sem inspiração.

A partir daí, investe numa sucessão de depoimentos, um menos interessante que o outro. Temos a ex-miss Brasil Adalgisa Colombo, o sambista Homero Ferreira, a dançarina Adriana Bombom, o cantor Dudu Nobre, a atriz Leticia Spiller, dentre outros. Todos falam sobre sua relação com a Barra da Tijuca. Todos dão entrevistas superficiais e pouco cativantes.

O raro momento bem sucedido do filme é quando fala da origem arquitetônica do bairro, destacando o projeto de Lúcio Costa, inspirado na arquitetura moderna da Europa, o que acaba sendo uma descoberta interessante uma vez que a Barra é considerada a Miami dentro do Rio de Janeiro. Mas isso é pouco explorado, e acabamos jogados em outro depoimento desinteressante e mal filmado sobre como o local é ótimo.

A direção de Izabel Jaguaribe, de Paulinho da Viola - Meu Tempo é Hoje, é um completo caos. Temos tomadas mal pensadas dentro de carros, temos momento de câmera na mão e temos uma péssima harmonia nos momentos de transição. As transições são feitas através de imagens de paisagens ou mesmo através de depoimentos. Assim, além dos entrevistados principais, temos uma série de figuras que falam sobre o bairro, na maioria das vezes para passar informações pouco essenciais, como os políticos Fernando Gabeira e Eduardo Paes.

Sem uma concepção visual ou uma narrativa pensadas, Sorria, Você Está na Barra! oferece momentos à beira do ridículo, como acontece quando vemos Adalgisa, Bombom, Dudu e Letícia vestindo um uniforme de corrida de kart, sem nenhum objetivo aparente. Com relação à concepção visual, nos deparamos com técnicas sofríveis, que misturam o preto e branco e a animação, como nos "porta retratos" em que aparecem alguns entrevistados.