Nicole Holofecener tem uma sensibilidade muito apurada que se revela em seus filmes. Com realismo sarcástico vai colocando na tela as cenas do cotidiano despidas de fantasias e preconceitos. A vida como ela é, o ser humano com toda a sua complexa forma de ser e que vai em frente, mesmo sem saber exatamente para onde, tentando acertar, cometendo erros, para depois buscar correções. No recente filme dela: A procura do amor, ela mostra as desventuras de homens e mulheres que se casam sem que tivessem objetivos mais sérios para compartilhar, enveredando para o divórcio após a experiência de casamento que não deu certo, pois com o passar do anos percebiam que pouco tinham em comum. É o caso de Eva e Alberto (Julia Dreifus e James Gandolfini), que têm um encontro casual numa festa. Seria mesmo acaso? O cenário é o nosso mundo nesta fase de turbulências e desencontros, com vida superficial e de aparências, e que as novas gerações não aceitam mais, indo logo para os finalmente no trabalho, na atividade sexual, na vida em geral.
À medida que os anos vão passando, sentimos intuitivamente, de forma acentuada, a necessidade da boa convivência. No entanto, sempre temos de enfrentar a atrapalhação dos preconceitos exacerbados pelo raciocínio incapaz de olhar a vida de forma simples e natural.
Com olhar perscrutador as pessoas ficam examinando aquele ou aquela que os fios do destino puseram em seu caminho, procurando defeitos, julgando-se superiores. Foi o caso de Eva, influenciada pelas formas de sentimentos negativos de Marianne sobre o ex-marido. Se Albert não era adequado para Marianne, também não o seria para ela. No entanto, ela havia gostado de Albert, sentindo certa afinidade pelo jeitão desengonçado dele, mas de repente tudo desmorona. Dor e sofrimento para o casal.
Como uma situação de ruptura como essa poderia ser restabelecida? É isso o que Nicole quer nos mostrar em meio a uma forma de viver insípida e monótona pela falta de objetivo maior a não ser trabalhar, manter relações sexuais, e criar os filhos para a mesma forma de viver. Então é o caso de perguntarmos: é só para isso que vivemos, ou a vida tem um significado oculto ainda desconhecido por nós?