Maud Watts (Carey Mulligan) é uma jovem, casada com Simon (Bem Whishaw) e mãe de um menino adorável. Até aí tudo bem, só que nada são flores em sua vida. Trabalha numa lavanderia com o esposo praticamente como uma escrava, sendo assediada pelo patrão como se isso fosse uma coisa natural. Ganha menos que os homens trabalhando por mais horas, além de cuidar das tarefas de casa e ser mãe. De repente, como que por acaso, ela se depara com mulheres que buscam por mudanças em prol de seus direitos, principalmente no que concerne ao direito de votar, para que assim consigam efetivamente mudar as leis que os homens criaram para controlar uma absurda e machista soberania que na época reinava, e que ainda, infelizmente, traz resquícios fortes nos dias de hoje. O machismo é uma das piores pragas causadas pela sociedade, assim como qualquer outro tipo de discriminação que vemos ainda nos dias atuais, como o racismo, homofobia, intolerância religiosa, e afins. A busca pela liberdade de expressão dessas mulheres que lutam pela igualdade social foi não somente sofrida, mas diria até mesmo sobre-humana. Ver todas as barbaridades sofridas por mulheres pelo simples fato de elas serem o que são é tão estarrecedor, que causa essa repulsa e indignação que são pertinentes a várias passagens do filme, e olha que eu acho que a realidade foi amplamente mais dura do que todas as tragédias que foram mostradas nessa obra. As Sufragistas mostra a luta dessas mulheres, mas infelizmente dói dizer que ainda vivemos numa sociedade longe do ideal, embora percebamos inúmeros avanços. Trata-se de um filme obrigatório pela importância histórica dos fatos nele tratados, mas apesar de ter gostado muito do filme, a diretora Sarah Gavron nos brinda com uma narrativa bastante burocrática e convencional. O elenco é excepcional! Carey Mulligan faz a protagonista com uma força incrível. Helena Boham Carter também faz bonito, como de costume, num papel de bastante relevância. Meryl Streep aparece muito pouco, mas claro, deixa sua marca. Já em relação aos homens, Brendan Gleeson e Ben Whishaw também têm ótimas interpretações. Só que assim... o filme é interessantíssimo, e vai criando um clima de tensão crescente, mas também poderia ter arriscado mais na narrativa. Por ser uma história tão poderosa, impactante e necessária, poderia também ter sido uma obra mais incisiva e visceral. Apesar de carregar vários momentos tensos e de extrema emoção pela magnitude do tema, ainda me pareceu bastante tolhido. Um filme que deve ser visto por todos, mas que talvez se tivesse tido um pouquinho mais de foco no movimento sufragista, e não tanto nos dramas pessoais de somente uma das mulheres, poderia ser ainda melhor e mais abrangente.