Mônica Martelli foi reconhecida no teatro com essa peça que escreveu e foi um retumbante sucesso por anos em cartaz. Agora, ela que é uma das atuais apresentadoras do Saia Justa, levou o sucesso da peça para o cinema. Recrutou os amigos Paulo Gustavo e Daniele Valente para interpretarem seus amigos mais próximos no filme e vê-se de cara que o entrosamento entre eles é fantástico. Pena que o roteiro seja tão superficial, com personagens extremamente estereotipados, situações ora forçadas, ora previsíveis e que causa aquela terrível sensação de que é um filme feito somente para meninas. Fernanda, a protagonista, é uma mulher de 39 anos, solteira e que busca desesperadamente o amor, se repetindo em seus erros de achar o homem perfeito. Só que apesar de ser uma mulher bonita e carismática, o problema da protagonista é que ela é burra, ou, no mínimo, tapada demais. Suas atitudes são questionáveis e o romantismo exacerbado não só cansa, como aborrece o expectador em alguns momentos. Há situações tão óbvias, onde as coisas estão tão na cara que não darão certo, mas mesmo assim ela insiste em sua malfadada ingenuidade, que na verdade beira a imbecilidade. O exagero é claro e proposital, afinal o propósito é fazer rir de situações que, pelo menos em teoria, grande parte das mulheres passam, como a insegurança em relação aos seus relacionamentos, as expectativas no parceiro, a busca pela outra metade da laranja... Só que todo esse exagero tem sim suas partes cômicas e realmente engraçadas, como o ridículo de submeter-se a determinadas coisas em busca de satisfazer o outro, mas tudo tem um limite de bom senso, e a protagonista parece não ter bom senso algum. Em relação às piadas, as mais engraçadas realmente se devem ao talento cômico de Paulo Gustavo, que está começando a soar repetitivo, mas ainda assim consegue extrair um certo brilhantismo em seu desempenho, mesmo que caricatual. Fora isso, o filme tem seus bons momentos e não fosse os exageros elevados a milésima potência, o filme tem bom ritmo e bons atores secundários, passando pelo Eduardo Moscovis (como um senador charmoso), Humberto Martins (um empresário rico e charmoso), Marcos Palmeira (um arquiteto charmoso), José Loreto (um zé-mané charmoso) e o quase desconhecido Peter Ketnath (uma espécie de Wolverine alemão do Sertão, e como não poderia deixar de ser, charmoso). Enfim, uma sucessão de obviedades e falta de criatividade. A previsibilidade e o final açucarado também não ajudam, mas para uma sessão pipoca com as amigas (sim, no feminino) até que dá pra ter umas boas risadas. Ok, não é o tipo de filme para se levar a sério, mas poderia ter pelo menos um pouquinho mais de profundidade...