A década de 1980 fabricou inúmeros filmes "míticos" de ação. Mas poucos têm a perenidade e o fôlego deste clássico, protagonizado por Sylvester Stallone.
A ação oitentista é um gênero próprio, à parte, com suas regras, seus clichês, seus personagens icônicos e seus vilões. Para a geração que assistia a TV aberta nos anos 1980 e 90, esses filmes fazem parte da educação sentimental e cinematográfica.
Sly é Marion Cobretti ou, como ele prefere, Cobra. Cobra é considerado pelos seus pares como o policial mais truculento do Esquadrão Zumbi que é, para a polícia daquela cidade, "o último recurso".
O filme apresenta o terrorismo urbano com linhas médias. Um grupo organizado, com ideias difusas e genéricas, de pálida inspiração nazista, com vilões monotons. Mas o que encanta realmente são as falas épicas e curtas: "Você é a doença; eu sou a cura", e aquele eterno palito de fósforo na boca de Cobra.
De fato, dá muita gastura aquela faca grande descendo na jugular de um monte de gente. O filme é um verdadeiro açougue. Mas, veja bem. O nome do vilão principal não é mesmo "Açougueiro" (Brian Thompson)?
Ingrid é o par foffys de Cobra, sua protegida. Na vida real, a bela modelo alta e de contornos anabolizados é Brigitte Nielsen, casada na época com Sylvester Stallone.
Para o que se propõe, o filme é perfeito. Apresenta os personagens, define um conflito, vai complicando com ótimas cenas de perseguição, explosão e tiros. E resolve no final, para alívio do público. O roteiro de Stallone é didático, mas de uma eficácia impressionante.