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    A 100 Passos de um Sonho
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    A 100 Passos de um Sonho

    Para francês ver

    por Renato Hermsdorff

    Franceses são tradicionais, elegantes, contidos, finos e, portanto, frios, até. Indianos são criativos, emotivos, festivos, passionais e, por isso, invasivos, às vezes. Se você sobreviver a essa dualidade de clichês que orienta a primeira metade de A 100 Passos de um Sonho pode até se deliciar com a história que vem a seguir.

    No filme, o diretor Lasse Hallström volta ao tema gastronômico de Chocolate para contar a história de Hassan Kadam (Manish Dayal), um jovem chef que sai com a família da Índia para a Inglaterra a fim de tentar a vida na cozinha, depois que um incêndio de motivações políticas destrói sua casa na Ásia.

    Cansado dos legumes “sem vida” nascidos na terra da Rainha, ele e a família segue sem rumo para o sul da França, onde o carro quebra e eles resolvem fincar raízes, interpretando o acidente como um sinal.

    Eles, então, decidem abrir um restaurante na pequena cidade, e o lugar disponível para a empreitada fica justamente do outro lado (ou a 100 passos, do título) do Le Saule Pleureur, restaurante estrelado do Guia Michelin, comandado pela Madame Mallory (Helen Mirren).

    A produção de Steven Spielberg e Oprah Winfrey – que, assim como eu ou você, não querem perder dinheiro – e a escolha de Lasse Hallström para comandar o projeto – dos açucarados Um Porto Seguro, Amor Impossível, Querido John e Sempre ao Seu Lado, só para citar alguns – dão uma pista do que se está cozinhando. Acrescente uma atriz ganhadora do Oscar e complete com cenários deslumbrantes do vilarejo de Saint-Antonin-Noble-Val, no sul da França, e... voilà, garanto que sua avó sairá saciada da sessão.

    Brincadeiras à parte, A 100 Passos de Um Sonho joga sempre para a plateia. E, por isso, não surpreende. Passada a primeira hora, quase infantil, no entanto, uma sucessão de novos conflitos – não tão óbvios como os iniciais – faz com que Madame Mallory se aproxime do jovem cozinheiro. Aí, o filme ganha sustância e fixa-se uma relação madura entre os dois personagens principais, levando Hassan a ter que fazer uma difícil escolha.

    Assim como Fernanda Montenegro, Hellen Mirren não erra. Seja como a megera concorrente, ou como a simpática patrocinadora do jovem, a atriz constrói um repertório de sutilezas variados que, ao mesmo tempo, dão veracidade ao personagem como indivíduo.

    Nascido nos Estados Unidos, com cara de indiano de feições europeias, o ator Manish Dayal segura muito bem a onda também.

    No mais, tudo é muito bonito: o amor, as raízes, o mito do bom selvagem, as imagens do sul da França mediadas pelo melhor filtro do Instagram.

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