Filme singelo e sensível, que emociona e nos faz refletir sobre temas de suma relevância, como as entidades familiares e o estabelecimento de seus laços e relações; no caso da película, em uma situação muito incomum e turbulenta, de forma muito bela e interessante.
O elenco (tanto adulto quanto mirim) é excelente, especialmente Masaharu Fukuyama, que interpreta o patriarca da família Nonomiya: Ryota, um típico workaholic que mal passa tempo em seu luxuoso e silencioso apartamento, e que tem como principais características sua frieza e egocentrismo, provindos da escassez de uma relação afetiva com seus próprios pais, o que inevitavelmente reflete em seu núcleo familiar e o torna marido e pai omisso emocionalmente durante boa parte da película. Do lado oposto da cidade, ao atravessar um enorme campo de torres de rádio que separa o lado nobre da periferia (uma das cenas que demonstra o potencial da bela direção de fotografia do filme), somos apresentados à família Saiki, a qual Lily Franky interpreta o pai, Yudai, um vendedor de origem humilde, que, resumidamente, é por essência o oposto de Ryota.
O roteiro é excepcionalmente bem construído e tem como maior virtude o fato de humanizar de forma muito competente todos os personagens do longa, fazendo com que, apesar de todas as ações, o espectador não consiga sentir real antipatia nem com a arrogância de Ryota, ao sugerir debochadamente ao filho que chamasse Yudai para consertar a porta do armário da cozinha, tampouco com a infantilidade exacerbada do próprio Yudai.
Por fim, "Pais & Filhos" é um lindo filme que sem dúvidas merece ser apreciado, e que mostra que o verdadeiro amor e afeto independe dos laços de sangue.