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    As Férias do Pequeno Nicolau
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    As Férias do Pequeno Nicolau

    Sem perder a ternura

    por Renato Hermsdorff

    O pequeno Nicolau cresceu – mas não a ponto de perder a inocência (graças!). Continuação do filme que fez sucesso no Brasil em 2010 – O Pequeno Nicolau, que ficou mais de um ano em cartaz por aqui –, As Férias do Pequeno Nicolau mantém o frescor das descobertas do mundo a partir do olhar de uma criança. E não qualquer criança, mas o menino um tanto quanto irônico dos quadrinhos franceses publicados entre 1956 e 1964 e que são considerados um patrimônio da literatura daquele país.

    Para se manter fiel à história original, passado tanto tempo desde o primeiro filme, foi necessário escalar um novo ator para o papel do protagonista: Mathéo Boisselier, que fez direitinho o dever de casa e conseguiu manter a essência lúdica impressa por Maxime Godart – hoje com 15 anos – lá atrás. O diretor é o mesmo (Laurent Tirard), bem como os atores responsáveis por dar vida aos pais do pequeno: os ótimos Valérie Lemercier e Kad Merad – eles também praticamente patrimônios da cultura francesa.

    Como o título adianta, Nicolau agora está de férias. E, na praia, onde conhece uma gangue de pestinhas na mesma situação. Ele está apaixonado por uma garota da escola, com quem se corresponde via carta, mas se apavora quando se vê “prometido” à filha de um casal de amigos dos pais. E os novos colegas do rapazinho vão ajudá-lo a se livrar da garota – apresentada em uma divertida referência ao clássico O Iluminado.

    A reconstrução do clima de época (na trilha e, sobretudo no colorido do figurino) prepara o terreno arenoso de praia para as solares peripécias das crianças, o grande mérito do filme, motivadas pelas interpretações lúdicas do cotidiano pela mente inventiva do protagonista.

    Grande parte do segundo filme, porém, se detém no universo dos adultos, o que tira o foco do que interessa aqui. A opção reforça o clichê da relação conturbada entre genro e sogra, por exemplo, e a obra perde muito tempo em uma rocambolesca trama envolvendo a mãe de Nicolau e um espalhafatoso (outro lugar comum) cineasta italiano.

    Para compensar, temos as crianças – e sua inusitada capacidade de quebrar paradigmas em trajes de banho fofos dos anos 1960.

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