"A entrevista" é um filme péssimo. É notório que teve tanto destaque em razões políticas, e não por sua qualidade.
A começar porque não tem graça. A única piada realmente boa é o hino da cena inicial. De resto, piadas manjadas (em especial relacionadas ao sexo - qual a originalidade!?) em mais um besteirol que de original mesmo teve a ideia de envolver Kim Jong Un em pessoa. Até mesmo as críticas políticas, que seriam um diferencial, não saem do comum, vez que bastante rasas (tanto em relação aos EUA, quanto à Coréia do Norte) - diferente do trabalho, por exemplo, de Sacha Baron Cohen.
O roteiro erra também ao formar personagens superficiais (a mais interessante, uma coadjuvante norte-coreana), em especial a de James Franco, uma personificação do plot twist* em relação à vontade de matar o ditador, centro da história. De tão ruim a atuação, prefiro não perder tempo comentando.
Sem piadas, sem inteligência e sem personagens interessantes, o longo filme se torna massante e revive as comédias estilo besteirol que já deveriam estar sepultadas. Vale ser visto pela curiosidade em razão da "polêmica" (que, no fundo, não existe, justamente porque a opção pela acidez é trocada pelo tapinha de leve - isto é, as críticas ácidas que seriam louváveis foram trocadas por leves cutucadas) causada, não pela sua qualidade.
*Plot twist, para quem não sabe, é uma expressão que significa mudança no encadeamento lógico do roteiro, que, caminhando em um sentido, muda radicalmente para outro. Pode simbolizar tanto uma surpresa quanto uma reviravolta. Em "A entrevista", a personagem do James Franco, Dave, muda várias vezes de ideia sobre matar KJU, demonstrando ser volúvel e destacando o quão superficial Dave é.