Muito barulho por nada
por Lucas SalgadoDepois de muita polêmica, A Entrevista finalmente consegue fazer sua estreia nos cinemas. Para quem esteve fora da Terra no final do ano passado, trata-se de um filme hollywoodiano que fala de uma tentativa de assassinar o ditador da Coreia do Norte. Como era de se esperar, o sujeito não gostou muito da ideia. Depois de ataques de hackers à Sony, de vazamento de informações e de ameaças terroristas, o longa teve seu lançamento cancelado pouco antes do natal. Pouco depois, o estúdio mudou de ideia e promoveu a estreia da comédia não só nos cinemas mas também em várias plataformas de VOD.
Agora, após assistir à produção, a sensação que fica é de que foi muito barulho por nada. Ou quase nada. É claro, qualquer pessoa tem o direito de se sentir ofendida com um filme que não cansa de ridicularizá-la, mas também é certo que um pouquinho mais de senso de humor e uma melhor visão de marketing teria evitado toda a confusão. Sim, o filme fracassou comercialmente, mas foi um enorme sucesso do ponto de vista do burburinho. Todo mundo ficou sabendo da existência da produção e ficou curioso para saber o resultado. Não obteve grandes números de bilheteria, mas é inegável que, através do VOD e da pirataria, alcançará um número de espectadores muito grande.
Sem toda polêmica com relação à censura era pouco provável que A Entrevista se tornasse um sucesso de público internacional. O filme tem suas qualidades, mas está bem longe de ser memorável. Poderia render alguns milhões nas bilheterias, mas não escreveria seu nome na história das comédias hollywoodianas. Agora, todo mundo sabe que em 2014 foi feito um filme censurado por causa da Coreia do Norte.
James Franco e Seth Rogen vivem um apresentador e um produtor de um programa de TV, respectivamente. Eles estão acostumados a lidar com celebridades em situações ridículas, mas sentem a vontade de fazer um trabalho jornalístico mais sério. Ao descobrirem que o ditador Kim Jong-un, da Coreia do Norte, é um fã do programa, eles buscam um contato para uma possível entrevista. A dupla acaba conseguindo, mas o que seria a entrevista do século logo se transforma em um transtorno para eles, que são procurados pela CIA para assassinarem o ditador.
Lizzy Caplan, Randall Park e Timothy Simons completam o elenco da produção, que conta ainda com participações especiais bem divertidas de Eminem, Joseph Gordon-Levitt e Rob Lowe. Mas no centro das atenções estão mesmo Franco e Rogen. Os dois amigos já divertiram bastante em Segurando as Pontas e É o Fim, mas aqui não oferecem muito ao espectador. Apenas as mesmas caras e bocas. Os personagens são rasos e desinteressantes.
O filme até diverte em um momento ou outro, mas também aborrece em vários. A "amizade" que nasce entre o personagem de Franco e o ditador é interessante e rende cenas legais, mas tudo é muito simplório e pouco desenvolvido. A direção de Rogen e Evan Goldberg não empolga. O longa tem problemas de ritmo e com alguns personagens pouco interessantes.
A trilha sonora cumpre bem seu papel, principalmente no que diz respeito à seleção musical. Vai ser difícil sair da sessão sem Katy Perry e sua "Firework" na cabeça.