Acho que nunca uma tradução de título de filme para o português foi tão sensato e bem escolhido. O personagem Philip, interpretado por Jason Schwartzman, é tão chato, mas tão chato, que dá a vontade de mandá-lo calar a boca já nos 5 minutos iniciais do filme. O título em inglês, “Listen Up, Philip” (algo como “Escuta Aqui, Philip”), também é bem apropriado, pois o personagem não é muito dado a escutar, e sim a falar pelos cotovelos disseminando sua arrogância, prepotência e chatice aos quatro cantos o tempo todo. E ele não é o único. Todos os outros personagens são igualmente insuportáveis. É tanto discurso ácido, preocupações desimportantes, alienações idiotas e questões estapafúrdias que o filme parece interminável, e a conclusão que chegamos é que há muito falatório para chegar a lugar nenhum. Na verdade, a verborragia reinante no filme é pura enrolação de um roteiro que fala demais sem ter muito a dizer. Há sim bons momentos. Algumas piadas são engraçadas e a antipatia generalizada chega a ser divertida em alguns instantes. Há uma naturalidade na interpretação dos bons atores que faz com que o filme não seja de todo ruim. O problema principal do filme é que não dá para criar empatia com esses personagens. Todos são irritadiços, mau humorados, antipáticos e pedantes. Talvez a única personagem que ainda causa um pequeno grau de simpatia é Melanie (Krysten Ritter), filha do escritor Ike Zimmerman (Jonathan Pryce), cujas diferenças com o pai criam um interessante tom dramático que funciona até mesmo pela química entre os atores. Mas em suma, o filme é entediante, esquecível e vazio. Muito blá-blá-blá para pouco conteúdo. Para quem sofre de insônia, pode ser um bom remédio.