Há zilhões de filmes sobre os horrores da guerra por aí. O que este filme faz diferente dos demais? Praticamente nada. Todo o filme segue a mesma linha que já estamos acostumados a ver: homens que vivem a guerra de maneira mecânica para tentar diluir um pouco tanto horror visto a cada instante. Chega a um ponto onde a insensibilidade se faz necessária para continuar. A guerra mostra suas garras e é preciso ter “coração de ferro” para conseguir lidar com tudo isso. Norman (Logan Lerman) é um novato que depois de uma baixa no tanque Fury, comandado por Don (Brad Pitt), é enviado para a guerra com este grupo de guerreiros e fica frente a frente com tudo o que de pior a guerra tem a mostrar. Neste grupo, encontram-se ainda Bible (Shia LeBeouf), Gordo (Michael Peña) e Grady (Jon Bernthal), cada um com suas próprias características e visão pessimista da vida. O elenco é muito bom, com destaque para Lerman e LeBeouf, que têm os personagens e cenas mais interessantes. No mais, o filme é simplesmente um belo exemplar do que já foi visto várias vezes. Não há nada de genuíno aqui: algumas frases de efeito bem colocadas em alguns diálogos muito bem interpretados e interessantes; cenas realistas de violência; situações absurdas de guerra, onde o choque de realidade já se faz corriqueiro. O filme vai muito bem, prende a atenção e tem ótimos momentos, até o derradeiro final, que nada mais é que pura pieguice e falta de coragem de mostrar algo realmente real. A maior falha do filme não é simplesmente o fato de não mostrar nada novo, afinal, vinha fazendo um bom trabalho até seus minutos finais, que soam piegas, e fogem completamente da sensação realista que buscou durante todo o restante do filme. A impressão que dá é que o diretor, que também roteirizou o longa, quis atenuar um pouco a dureza das situações enfrentadas pelos combatentes, e quis dar um final menos trágico e mais conveniente do que realista. Os minutos finais chegam a ser risíveis devido à armadilha que cai, mesmo evitando fugir dela desde o início: a redenção por heroísmo falso. Não vou dar detalhes do que acontece, mas o auto sacrifício em prol de um patriotismo barato, e a salvação em nome da comoção irrealista faz com que o filme perca muito do que vinha mostrando até então. Final raso para uma história forte e que tinha tudo pra ser épico, mas que acaba por fim se tornando um filme genérico sobre as agruras de um horror bélico pasteurizado.