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    Ben-Hur
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Ben-Hur

    Caiu do cavalo

    por Lucas Salgado

    56 anos. Este é o tempo de duração, até o momento, do recorde de Ben-Hur (1959) como maior vencedor do Oscar de todos os tempos. Foram nada menos que 11 estatuetas, marca que foi alcançada por Titanic e O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei, mas jamais superada. Agora, tanto tempo depois, um novo Ben-Hur chega aos cinemas. E a pergunta que sempre surge nestes casos é: por quê? Mesmo esta sendo uma questão, é fato que o filme está aí, e deve ser analisado como obra individual e não em comparação com o clássico, até porque seria praticamente impossível superar o mesmo.

    E mesmo esquecendo que a história já chegou aos cinemas de forma marcante, é inegável que o novo longa decepciona. A história é má desenvolvida, os personagens são desinteressantes e a grande maioria das atuações decepcionam.

    Judah Ben Hur (Jack Huston) é um nobre judeu de Jerusalém. Ele prega uma convivência harmoniosa com os soldados de Roma, que cercam a cidade. Cresceu ao lado do irmão adotivo Messala (Toby Kebbell), que tem origem romana e sofre por não ter as mesmas raízes da família que o acolheu. Messala decide ir para Roma e se torna um importante comandante do exército de César. Ele acaba voltando para Jerusalém e acabará em conflito com o irmão. Judah acaba acusado de traição e condenado à escravidão, e buscará uma forma de vingar seu nome e sua família.

    Neto do lendário diretor John Huston, Jack tem uma trajetória irregular e ainda não demonstrou talento e carisma suficientes para um papel como este. Ele realmente decepciona numa atuação "quero ser Russell Crowe em Gladiador". Quem também vai mal é Kebbell, numa performance inexpressiva e pouco convincente. Curiosamente, o ator conseguiu se sair muito melhor em filme em que atuou com o sistema de captura de movimentos, como Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos e Planeta dos Macacos: O Confronto.

    O brasileiro Rodrigo Santoro assumiu a responsabilidade de interpretar Jesus Cristo e acaba dando um maior peso dramático ao longa. O ator está bem em cena. Por mais que o personagem não seja protagonista na narrativa principal, acaba sando o responsável por transmitir uma maior carga emocional à produção. Ele só é prejudicado - e muito - pela trilha sonora quase onipresente de Marco Beltrami. Isso é evidenciado na primeira cena em que Santoro aparece. É só ele surgir na tela que a música sobe num tom solene e piegas. É clara a tentativa de forçar uma emoção no espectador. Algo que provavelmente surgiria de forma natural a partir das atuações em foco.

    O elenco conta ainda com as presenças de Morgan FreemanNazanin Boniadi e Pilou Asbæk, que não comprometem. Freeman está bem, como de costume, mas no papel de sempre do mentor.

    Ainda que não seja o personagem principal, Jesus é tratado pelo filme como figura-chave e a fé é uma das temáticas fortes da produção, assim como o perdão e a compreensão. Tais elementos não são bem inseridos no roteiro. Ao final, a figura - neste caso literal - do Deus ex machina passa a ideia de que tudo visto antes pouco importou. A obra pega o caminho mais fácil.

    O clássico de 1959 estrelado por Charlton Heston tem como ponto alto a cena de corrida de bigas. Sabendo da responsabilidade de recriar a sequência, o novo longa investe pesado, chegando ao ponto de inserir flash fowards da cena em outros momentos na primeira metade da produção. E a cena ficou boa, com muita ação e bons efeitos. 

    O diretor Timur Bekmambetov é bastante competente da direção de cenas de ação, como já havia mostrado em Guardiões da Noite e O Procurado, mas falha em todo resto.

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