Para uma comédia dar certo é preciso uma história da qual se possa criar uma série de situações inusitadas e engraçadas, ora com humor inteligente, ora pastelão. O Concurso consegue isso.
Uma das grande sacadas foi pegar um tema atual no Brasil, ou seja,gerar uma identificação fácil com o público. Isso se repete também nos personagens, com suas características marcantes. O gaúcho criado num contexto familiar rígido, que foi tolido de ser ele mesmo; o pai de família cearense, fervoroso devoto de vários santos, que enxerga na oportunidade, o milagre que pode lhe dar uma vida melhor; o caipira paulistano, que tenta fugir de uma vida medíocre no interior; o carioca malandro que na tenta resolver tudo no jeitinho brasileiro e acaba complicando a vida dos demais.
Um das revelações do filme foi Érico Brás, ele interpreta um travesti negro, o personagem roubou a cena, com atuação eficiente e engraçada. Sabrina Sato faz uma ex namorada ninfomaníaca, de um dos concurseiros e faz bem o papel de gostosona descerebrada.
Um dos pontos altos do filme, é a sequência em que o personagem de Fábio Porchat - o gaúcho - vestido de dragqueen, amarrada a uma árvore, tenta resistir ao impulso de dançar I Will survive, trilha sonora do filme Priscila, a rainha do deserto (quase um hino gay) e acaba "soltando a franga", literalmente.
E na sequência final, há uma hilária surpresa, um dos primeiros beijos gays masculinos, no cinema nacional, protagonizado por Fábio Porchat e Érico Brás.
Essas vidas tão diferentes se cruzam nesse concurso e o resultado dessa mistura brasileira é o riso garantido do público.