Existem filmes que você não precisa entrar muito na história para saber que ele se transformará numa experiência difícil e dolorosa de se conferir. “Alabama Monroe”, dirigido por Felix von Groeningen, é um desses filmes. A trama, que é baseada numa peça teatral, acompanha os altos e baixos do relacionamento entre Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh, co-autor da peça na qual o longa se baseia).
Numa montagem não linear, que mistura as linhas temporais do passado e do presente, o futuro de Elise e Didier é delineado. Assim como na vida, as lembranças e as experiências que eles passam têm uma trilha sonora. É o ritmo do bluegrass, um estilo derivado do folk e um dos representantes da música popular e tradicional dos Estados Unidos, que embala e entrelaça essas vivências.
Voltando ao início do nosso texto, “Alabama Monroe” é uma experiência difícil de se conferir, porque é um filme que nos relembra sobre como a vida, às vezes, é traiçoeira. Didier e Elise formaram a sua família e, do nada, o chão se abriu sobre os pés deles, os colocando numa roda de sofrimento da qual eles não conseguem sair.
Não me entendam mal. “Alabama Monroe” é um filme muito bonito, mas é um filme que é a prova viva do quão emocionalmente desafiadora é a experiência de viver. Passamos pelo amor, pela paixão, pela intensa alegria, pelo sofrimento, pela mágoa, pelo luto, pela mais poderosa dor, pelo sentimento de impotência diante do que não podemos modificar, pela fé (ou pela ausência dela). E tudo isso com a cobrança pessoal de sermos fortes, de prosseguir, de seguir em frente, caminhando adiante. Qual o nosso limite diante de tudo isso? “Alabama Monroe” é sobre todas essas coisas.