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    Alabama Monroe
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Alabama Monroe

    Vale das lágrimas

    por Bruno Carmelo

    Esta produção belga, indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é um daqueles grandes dramas humanos, do tipo que acredita nas cenas de tragédias (separação, acidente, doenças) como representação maior da profundidade humana. A história gira em torno de Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh), um jovem casal apaixonado que tem uma pequena filha, e logo descobre que a garota sofre de leucemia. Os dois boêmios fazem o que podem, mas a situação da criança é gravíssima.

    Alabama Monroe abraça as regras do melodrama, e o faz de maneira curiosa. O filme alterna de maneira rígida cenas de alegria com cenas de tristeza. E nada mais. Não existem meios-tons: a montagem explora unicamente os instantes de clímax. Assim, são dezenas de cenas de euforia (o primeiro encontro do casal, a primeira transa, a descoberta da gravidez, o instante em que bebê começa a andar etc.) com cenas de depressão (a descoberta da doenças, as brigas, os acidentes).

    Como um pisca-pisca, a montagem pretende conduzir o espectador através de uma montanha russa de choros e risos, choros e risos. Estes instantes são pontuados por números de música folk, ora com a cara alegrinha de Baetens, quando está feliz no relacionamento, ora com o seu rosto contorcido de tristeza, quando acabou de brigar com o marido. O intuito é mostrar que a música é um reflexo do que sentem, ou seja, a arte também é considerada mais complexa à medida que se torna mais emotiva. Lágrima, aqui, é medida de valor.

    Ao final de quase duas horas de narrativa, fica a impressão de que Elise e Didier não existem fora dos momentos de crise. Eles não dormem, não comem, não vão ao banheiro, porque toda cena banal é retirada desta história. Os coadjuvantes são igualmente rejeitados, sem nome ou personalidade definida, funcionando apenas como colegas para rir junto nos momentos alegres, e chorar junto nos momentos tristes.

    O diretor Felix Van Groeningen, que já fez produções mais leves como o divertido La Merditude de Choses, acaba condensando uma quantidade de reviravoltas e catarses digna de uma longa telenovela. O acúmulo de intensidade beira a monotonia, pois quando tudo é grito e choro, nada mais o é – talvez o espectador se sinta anestesiado e indiferente ao longo da narrativa. Para piorar a situação, entra em cena uma discussão seríssima sobre ateísmo e crença religiosa que leva o filme a um caminho totalmente diferente, e não muito produtivo para o resultado final.

    Mesmo assim, para quem gosta de chorar no cinema, para quem acredita que o ser humano só é solidário (ou profundo) no câncer, Alabama Monroe é uma boa pedida. Filme feito para mexer com os nervos e com a sensibilidade, para o bem ou para o mal. Um exemplo disso é a sequência em que a montagem alterna cenas da garotinha rindo, com os cabelos loiros ao vento, e imagens da mesma criança careca, triste, olhos baixos, sofrendo com os efeitos colaterais da quimioterapia. Se este tipo de aproximação e contraste lhe parece interessante, boa sessão.

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