Terror perde espaço
por Lucas SalgadoLançado em 1979, Alien, o 8º Passageiro mudou os rumos da ficção científica ao inserir elementos do terror e do suspense no gênero. O filme trazia uma incrível direção de Ridley Scott e uma atuação marcante de Sigourney Weaver. Seguindo o exemplo de Steven Spielberg em Tubarão (1975), Scott escondeu seu monstro por boa parte da história, investindo muito em tomadas escuras em que revelava aos poucos alguns detalhes da criatura.
Sete anos depois, em 1986, já sem a presença de Scott, a Fox investiu naquela que seria a primeira de algumas continuações da franquia: Aliens, O Resgate. Para a direção, chamaram James Cameron, anos antes de hits como Titanic e Avatar, mas já após o blockbuster O Exterminador do Futuro.
Sempre inovador, Cameron conseguiu entregar um filme que muitos consideram tão bom ou até superior ao original. Não me parece ser o caso, mas é certo que realizou uma obra envolvente e de muita qualidade. Mas tem um porém: é outro filme. Enquanto o Alien de Scott era um longa de horror e realmente assustador, o de Cameron surge como uma ficção científica de ação. E como ficção científica de ação é uma excelente obra.
Cameron, como Ridley, leva quase metade do filme para revelar sua criatura. No caso, criaturas. Depois que o faz, mostra o máximo possível e em grandes números. Se o original contava com apenas um Alien, agora temos um planeta repleto deles. Escrito por Cameron, o roteiro do filme conta com alguns acertos, principalmente ao colocar Ripley com uma postura de mais ação. Ela está no modo ataque e não apenas no modo sobrevivência.
Após passar mais de cinco décadas perdida dormindo pelo espaço, Ripley é encontrada por uma tripulação. Após passar por exames, ela descobre que o planeta em que sua nave encontrou os ovos alienígenas agora serve de base para uma colônia com inúmeros habitantes. Ao mesmo tempo, a companhia que empregava Ripley perde o contato com tal colônia e ela acaba levada como consultora de volta ao planeta.
Lá, como não poderia deixar de ser, encontra uma base praticamente abandonada e com indícios de ataques dos aliens. Em meio a tentar descobrir o que havia acontecido, Ripley - acompanhada de um time de militares - acaba encontrando uma jovem sobrevivente, Newt.
Se a relação entre Ripley e os demais membros da tripulação funciona, o mesmo não se pode dizer de seu contato com Newt. Ela acaba desenvolvendo uma dinâmica de mãe e filha, que é forçada e pouco envolvente. A tenente desenvolver um instinto de proteção com relação à criança, é natural. Mas ao ponto de ser chamada de mamãe? Tudo muito piegas e desinteressante.
Sigourney Weaver segue como o carro chefe da franquia. Lance Henriksen é o androide da vez, mas pouco desenvolve o personagem. É curioso ver uma performance intensa e esforçada do recém-falecido Bill Paxton.
Aliens não supera o original. Na verdade, são poucas as ficções científicas de chegam perto disso. Ainda assim, entrega um bom entretenimento, cenas marcantes e uma protagonista que se fortalece como uma das mais incríveis da história do cinema.